
Similaridades entre Pablo Marçal e Bolsonaro na campanha eleitoral: análise de Sérgio Lima
A atuação de Sérgio Lima, publicitário responsável pela estratégia digital das últimas duas campanhas eleitorais de Jair Bolsonaro, revela padrões semelhantes entre o cenário de 2018 e a ascensão de Pablo Marçal na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Para Lima, o domínio da campanha digital e a postura antissistema são pontos em comum entre os dois políticos em momentos distintos. Além disso, o fato de Marçal não contar com tempo significativo na propaganda eleitoral televisiva, devido à não atingir a cláusula de barreira com seu partido, é um desafio compartilhado com a trajetória de Bolsonaro.
Em entrevista à Folha, Sérgio Lima ressalta a influência limitada da televisão na credibilidade de um candidato, destacando que o contexto político atual é marcado por uma crescente presença de eleitores que optam por não assistir ao horário eleitoral. Nesse sentido, ele aponta o evento do 7 de Setembro, organizado por Bolsonaro, como um importante momento para definir o voto do eleitor bolsonarista em São Paulo, mais relevante do que a exposição televisiva dos candidatos.
O papel das redes sociais na campanha de Marçal também é destacado por Lima, que enfatiza a importância de conteúdos que se assemelhem ao produzido pelos próprios usuários para gerar engajamento. Ele menciona a habilidade da equipe de Marçal em disseminar conteúdo de forma orgânica e eficaz, apontando para estratégias que envolvem a interação com apoiadores e a produção de vídeos compartilháveis.
Apesar das acusações de financiamento de apoiadores para a publicação de vídeos em redes sociais, Marçal nega as práticas e busca reverter a suspensão de seus perfis eleitorais. Lima, por sua vez, critica a postura da esquerda, afirmando que ainda se mantém presa a modelos tradicionais de campanha eleitoral e subestima a importância das plataformas digitais na atualidade.
Por fim, o publicitário ressalta a relevância da cobertura jornalística, debates e entrevistas na consolidação da imagem de candidatos que se posicionam como antissistema, ressaltando que a televisão não é mais o principal veículo para atingir esse público-alvo. A capacidade de adaptação e inovação nas estratégias de comunicação política é apontada como fundamental para os candidatos que buscam se destacar em meio a um cenário de crescente polarização e transformação tecnológica.