Por Maria Silva – Colaboradora
O filme “O Clube das Mulheres de Negócios” apresenta um olhar provocativo sobre o poder e o abuso por parte de mulheres mais velhas e influentes, em contraste com a narrativa tradicional do movimento MeToo. Dirigido por Anna Maylert, a película tem como foco a dinâmica corrupta de um grupo de nove mulheres poderosas que se reúnem em uma fazenda para discutir negócios obscuros.
Na trama, jovem jornalista Candinho, interpretado por Rafael Vitti, é convidado a relatar os acontecimentos do clube, revelando um universo de assédio, violência e manipulação. O elenco conta com destacadas atrizes de comédia, como Grace Gianoukas e Katiuscia Canoro, que trazem uma mistura de humor e horror à narrativa.
O roteiro, concebido antes do movimento MeToo, evoluiu para abordar não apenas questões de gênero, mas também de poder em geral. A diretora Anna Maylert enfatiza a importância de expandir o foco da obra para refletir sobre as diversas formas de opressão presentes na sociedade contemporânea.
O filme recebeu elogios por sua abordagem crítica e provocativa, incluindo cenas que confrontam questões de etarismo, assédio e poder. Inspirado em “O Rei da Vela” de Oswald de Andrade, o longa utiliza a comédia como uma ferramenta para atingir um público mais amplo e provocar reflexões sobre temas complexos.
Um dos momentos mais impactantes do filme envolve a atriz Grace Gianoukas, que interpreta uma chefe abusiva que assedia o jovem Candinho. A cena desperta emoções intensas e levanta questões sobre impunidade e poder.
O filme também gerou discussões sobre patriarcado e abuso, com a atriz Cristina Pereira compartilhando pela primeira vez uma experiência pessoal de estupro. A repercussão do longa no Festival de Cinema de Gramado tem sido significativa, destacando seu papel como uma obra provocativa e relevante para os tempos atuais.
Além disso, o ator Matheus Nachtergaele foi homenageado com o troféu Oscarito, em reconhecimento à sua contribuição para o cinema nacional. Em um discurso tocante, Nachtergaele refletiu sobre a arte da atuação e sua dedicação à profissão.
Responsável pela cobertura: Maria Silva – Enviada Especial do Festival de Gramado
