Chávez, Lula, Kirchner e a ‘onda vermelha’ na América do Sul

Tudo começou em 1998, quando Hugo Chávez foi eleito presidente da Venezuela. Três anos após a sua vitória, o Brasil também elegeu um líder de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, que se tornou presidente em 2002. Esse movimento se espalhou pela América do Sul, com Nestor Kirchner assumindo a presidência da Argentina no ano seguinte, seguido por Tabare Vázquez no Uruguai em 2005, Evo Morales na Bolívia em 2006, Michelle Bachelet no Chile em 2006 e Rafael Correa no Equador em 2007.

A vitória de Chávez marcou o início de um período de governos progressistas na região, conhecido como ‘onda vermelha’. Durante seu governo, Chávez enfrentou as elites e os EUA, aproveitando a alta do petróleo para investir na economia interna e reduzir as desigualdades sociais. Como afirmou o cientista político Josué Medeiros, “Chávez conseguiu usar a riqueza gerada pelo petróleo em programas sociais, trazendo prosperidade para a população e exercendo uma liderança carismática e popular”.

Entre as lideranças de esquerda na América do Sul, Chávez se destacava como o mais radical, mas também como um entusiasta da integração regional. Ele utilizava sua força não apenas para políticas internas, mas também para fazer acordos de fornecimento de petróleo com outros países latino-americanos que necessitavam. Como explicou o historiador Rafael Araújo, Chávez desempenhou um papel importante nesse momento de ascensão dos governos progressistas na região.

Desafios pós-Chávez

No entanto, após a morte de Hugo Chávez, a Venezuela enfrentou desafios, com a perda de popularidade e uma conjuntura menos favorável à esquerda. Com a ascensão de Nicolás Maduro, a população venezuelana não via nele o mesmo carisma e capacidade política de mobilizar as massas. Segundo Josué Medeiros, “a população vinculava sua melhoria de vida à figura de Chávez, o que tornou mais difícil para Maduro manter esse apoio”.