Tecidos tingidos de vermelho com insetos eram luxuosos
Em tempos antigos, os tecidos vermelhos eram considerados um sinal de luxo e status. E para tingir o tecido dessa cor, os artesãos contavam com diversas fontes de plantas e animais. Entre as mais luxuosas estavam aquelas tingidas pelos insetos cochonilhas, pertencentes à super família Coccoidae. Esses pequenos e camuflados insetos eram parasitas de várias plantas, o que tornava sua coleta uma tarefa desafiadora.
As moléculas de ácido carmínico presentes nas cochonilhas eram responsáveis pelo tom vibrante de vermelho nos tecidos. Essa característica tornava as peças tingidas com esses insetos muito mais desejadas do que aquelas tingidas com tinturas vegetais. E para identificar a origem da tintura, os pesquisadores recorreram à técnica de cromatografia líquida de alta eficiência, também conhecida como HPLC, amplamente utilizada desde 1985 para identificação de tinturas em contextos arqueológicos.
Raridade da amostra
Apesar de sua importância para a pesquisa, arquivos arqueológicos de tecidos são considerados raros devido à rápida decomposição do material orgânico. No entanto, o ambiente das cavernas de penhasco do Deserto da Judeia, a oeste do Mar Morto, proporcionou condições ideais para a preservação dos tecidos. Esses locais apresentam um ambiente seco e condições microambientais estáveis, que contribuíram para a conservação do material ao longo dos séculos.
A Caverna de Crânios, localizada nessa região, já revelou cerca de 430 amostras de tecidos. As escavações iniciais foram realizadas em 1960 e, posteriormente, em 2016, por equipes da Autoridade de Antiguidades de Israel e da Universidade Hebraica de Jerusalém. Essas descobertas proporcionam insights únicos sobre os episódios temporários de ocupação e uso das cavernas como refúgio, abrangendo um período que vai de 4.500 anos a.C. até o segundo século d.C.
