DestaqueUOL

Pezeshkian, candidato reformista, é eleito presidente do Irã em meio a insatisfação popular com regime conservador de Khamenei.




Novo presidente moderado é eleito no Irã

Novo presidente moderado é eleito no Irã

O político moderado, porém alinhado ao regime do Irã, Masoud Pezeshkian, superou o ultraconservador Saeed Jalili e foi eleito neste sábado (6) o novo presidente do país. O vencedor foi o único candidato reformista na disputa, e o resultado sinaliza insatisfação popular com a gestão do líder supremo, Ali Khamenei.

As autoridades contaram até o momento mais de 30 milhões de votos, dos quais Pezeshkian obteve mais de 17 milhões e Jalili mais de 13 milhões, de acordo com os resultados publicados pelo Ministério do Interior iraniano.

Pezeskhkian, 69, é médico e foi ministro da Saúde no governo de Mohammad Khatami (1997-2005). Durante a campanha, o novo presidente defendeu a retomada de negociações com o Ocidente, em especial relacionadas ao programa da bomba atômica iraniana. Khamenei não o criticou diretamente, mas chegou a alertar aos eleitores em discurso que ficassem atentos a quem vê nos Estados Unidos “a fonte do progresso”.

O médico vai suceder Ebrahim Raisi, outro conservador de linha dura e que morreu em uma queda de helicóptero em maio. Em função do episódio, ainda obscuro, a eleição foi antecipada, e o segundo turno ocorreu nesta sexta-feira (5), com um embate direto entre Pezeshkian e Jalili.

O político moderado inspira mais liberdade interna do que seu adversário, mas analistas descartam mudanças significativas com Khamenei buscando controlar sua própria sucessão —e o destino da teocracia.

Vídeos publicados nas redes sociais mostram apoiadores de Pezeshkian dançando nas ruas de várias regiões, e motoristas buzinando para comemorar a vitória. Em Urmia, cidade natal do político moderado no noroeste do país, pessoas foram filmadas distribuindo doces.

O ultraconservador Jalili foi o negociador nuclear do presidente iraniano de 2005 a 2013, cujo governo é visto por analistas como um dos mais deletérios da história recente do país.

Ele chegou a ser descrito como “incrivelmente opaco” pelo diretor da CIA, William Burns, em suas memórias publicadas em 2019. Analistas o veem moldado pelas experiências na guerra contra o vizinho, que geraram algo próximo do fanatismo.

O pleito no Irã foi considerado um dos maiores desafios para o regime desde que o aiatolá Ruhollah Khomeini voltou do exílio francês para tomar o poder em 1979. No primeiro turno, foram às urnas 39,9% dos 61,4 milhões de eleitores potenciais, o menor índice desde a criação da República Islâmica.

Ao mesmo tempo, Khamenei asseverou sua posição endurecendo o regime. Manobrou para Raisi, um conservador de linha dura associado a massacre de opositores, chegar à Presidência —que, apesar de não ter a palavra final, influi muito na condução de políticas internas e externas.

O símbolo desse período foi a morte na prisão de Mahsa Amini, uma mulher curda de 22 anos que havia sido detida por não usar o véu islâmico da forma que a polícia religiosa considerava correto. Isso levou a inauditas manifestações contra o governo, temperadas por insatisfação econômica.

Ao mesmo tempo, Khamenei asseverou sua posição endurecendo o regime. Manobrou para Raisi, um conservador de linha dura associado a massacre de opositores, chegar à Presidência —que, apesar de não ter a palavra final, influi muito na condução de políticas internas e externas.

Apesar de Raisi ter visto uma retomada devido à venda de petróleo, o custo de vida subiu —em seu governo, a carne ficou 440% mais cara, por exemplo.

Além disso, o Irã se viu no meio do turbilhão regional da guerra Israel-Hamas, na qual apoia o grupo terrorista e que ameaça espalhar-se para o seu protetorado xiita no sul do Líbano, comandado pelo Hezbollah. São desafios dos quais Pezeshkian terá de lidar.


Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo