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Estudo do Inpe e Cemaden identifica clima árido no norte da Bahia pela primeira vez no Brasil, apontando tendência de aumento em todo o país.

Um estudo inédito realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) revelou que o norte da Bahia está enfrentando uma situação de clima árido, algo inédito no país. Esta descoberta também aponta para um aumento nas áreas de clima semiárido em todo o território nacional, com exceção da região Sul e do litoral dos estados de Rio de Janeiro e São Paulo, onde a tendência é inversa, com um aumento das chuvas.

Os cientistas responsáveis pelo estudo relacionam esse processo de aridez crescente com as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. Com o clima mais quente, a evapotranspiração, que é a soma da evaporação da água do solo com a transpiração das plantas, também aumenta. Isso resulta em um déficit de chuvas em determinadas regiões, classificando-as como semiáridas ou áridas.

A metodologia utilizada para chegar a essas conclusões é reconhecida internacionalmente e envolveu o cálculo do índice de aridez, que utiliza dados de precipitação e evapotranspiração potencial de cada região. Uma região é considerada semiárida se o índice de aridez estiver entre 0,21 e 0,5, e árida se estiver abaixo de 0,2.

Os resultados do estudo foram divulgados em uma nota técnica na última terça-feira e identificaram que a crescente aridez pode levar a consequências graves, como queimadas, impacto severo na agricultura e pecuária e, a longo prazo, desertificação. Esta situação pode ser observada no norte da Bahia, onde foi identificada uma área de 5,7 mil quilômetros quadrados classificada como árida.

O estudo, que utilizou dados coletados entre 1960 e 2020 e dividiu esse período em quatro intervalos de 30 anos, será fundamental para subsidiar a Política Nacional de Combate à Desertificação, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente. O diagnóstico aponta que, a cada década, as áreas de semiárido no país crescem a uma taxa média superior a 75 mil quilômetros quadrados, com concentração no Nordeste e no norte de Minas Gerais.

Essas descobertas são de extrema importância para a compreensão e enfrentamento das mudanças climáticas no Brasil, fornecendo informações essenciais para a formulação de políticas públicas e ações de preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável. O aumento da aridez e as consequências decorrentes desse fenômeno exigem medidas urgentes e eficazes por parte das autoridades e da sociedade em geral.

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