Na pitoresca cidade de Castanhal, no Pará, uma cena peculiar chama a atenção. Dentro de uma pequena fábrica, uma mulher meticulosamente pinta pares de tênis, utilizando um pincel e tubos de tinta. O clima tropical faz com que o suor escorra pela sua pele, interrompendo seu trabalho em alguns momentos.
Essa etapa de pintura faz parte do processo de fabricação da marca Seringô, uma empresa local que possui grandes planos de expansão, especialmente no mercado europeu. O responsável pela marca, o empreendedor social Francisco Samonek, de 73 anos, almeja introduzir os tênis sustentáveis antes da realização da COP30 em 2025.
Reconhecido por seus esforços em conciliar a geração de renda para as comunidades locais com a preservação ambiental, Samonek destaca a importância da sustentabilidade, principalmente no exterior. Os tênis da marca Seringô são produzidos com matérias-primas da região amazônica, como caroço de açaí e borracha dos seringais nativos do Marajó.
Em uma entrevista, Samonek revela: “O consumidor brasileiro ainda não está olhando para a questão da sustentabilidade tanto quanto se olha lá fora”. Ele destaca a utilização do caroço de açaí na produção da borracha, o que contribui para sua durabilidade em calçados.
A marca Seringô nasceu em 2018 a partir de uma iniciativa social e ambiental de Samonek. A empresa não só produz tênis, mas também comercializa artesanatos feitos por comunidades locais, possibilitando uma fonte de renda direta para as famílias.
Com a intenção de melhorar os processos de produção e logística, a Seringô planeja implementar mudanças para evitar a necessidade de enviar os produtos de volta para o Norte após a montagem no Sul do país. Samonek busca, com seu trabalho, não apenas o sucesso financeiro, mas também um legado de impacto social e ambiental positivo.
O jornalista que cobriu essa história viajou a convite da Fundação Dom Cabral para conhecer de perto os desafios e as conquistas do empreendedor Francisco Samonek.
