Senador questiona critérios para posse de armas após tragédia em Novo Hamburgo e aponta falhas na fiscalização

Em um pronunciamento realizado nesta quarta-feira (30), o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) levantou questionamentos sobre os atuais critérios para a posse de armas de fogo vigentes no Brasil. O parlamentar destacou um caso ocorrido na semana passada em Novo Hamburgo (RS), onde o caminhoneiro Edson Fernando Crippa tirou a vida de quatro pessoas, incluindo seu pai e irmão, além de ferir outras oito, utilizando uma arma legalizada. Crippa foi posteriormente abatido pela polícia durante um cerco em sua residência.

O assassino, Edson Fernando Crippa, possui diagnóstico de esquizofrenia e histórico de quatro internações psiquiátricas. Em 2020, ele obteve uma licença de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), que lhe concedeu o direito ao porte de armas e à prática de tiro esportivo, possuindo no total quatro armas de fogo. Kajuru classificou o episódio como uma “falha grave na fiscalização” e manifestou preocupação com a possibilidade de ocorrência de casos similares em outras regiões do país.

O senador ressaltou a necessidade urgente de ações para reduzir o arsenal em posse de colecionadores, atiradores desportivos e caçadores. Mesmo com a suspensão de novos registros durante o governo de Lula, estima-se que mais de um milhão de armas estejam nas mãos de atiradores amadores devido à política adotada em administrações anteriores. Kajuru destacou que, apesar de não ter objeções aos CACs legítimos, é recorrente a apreensão de armas de traficantes e milicianos adquiridas originalmente por colecionadores ou atiradores desportivos.

Em relação aos números alarmantes de armas em circulação, o senador mencionou que os furtos e roubos de armas legalizadas por CACs triplicaram nos últimos seis anos, com um aumento significativo de ocorrências mensais. Dados compilados pelo Exército e apontados por Kajuru revelam que até mesmo pessoas com processos criminais em andamento conseguiram obter registro para armas de fogo, evidenciando falhas graves no sistema de fiscalização.

Diante desse cenário preocupante, o governo atual está em processo de gestação de uma nova política para os CACs, com previsão de transferência da responsabilidade pelo registro e fiscalização do Exército para a Polícia Federal. No entanto, Kajuru alertou que, sem uma estrutura adequada, essa mudança pode não surtir o efeito desejado. O senador encerrou seu discurso reforçando a necessidade de medidas efetivas para controlar a posse e transporte de armas de fogo no país.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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