
Impactos da Alta nos Custos e Demanda Aquecida no Mercado Imobiliário
O mercado imobiliário brasileiro está passando por um período de desafios e mudanças significativas. Com o encarecimento do crédito e o aumento dos juros no financiamento imobiliário, a compra da casa própria se torna uma tarefa cada vez mais difícil e dispendiosa para os consumidores. Segundo o presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Renato Correia, o custo da construção de imóveis deu um salto, pressionando as empresas a repassarem esses gastos aos compradores.
Correia ressalta que o setor de construção está experimentando uma demanda aquecida, especialmente devido ao bom desempenho da área imobiliária de padrão econômico. As projeções indicam um crescimento de 3,5% até 2024, superando as expectativas anteriores. No entanto, a escassez de mão de obra qualificada tem elevado os salários e pressionado a inflação no setor.
Enquanto a inflação oficial do país atingiu 4,42%, o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) aumentou 5,48% nos últimos 12 meses, destacando-se o aumento de 7,73% nos custos com mão de obra. O presidente da CBIC alerta que o INCC continuará em alta devido ao aumento de custos com materiais e serviços.
De janeiro de 2020 até setembro deste ano, o INCC teve um acréscimo de 46,93%, com destaque para os custos com materiais (63,51%) e mão de obra (39,67%). A recomposição dos custos na pandemia também contribui para a escalada dos preços de imóveis, afetando a rentabilidade das empresas do setor.
Diante desse cenário desafiador, as empresas buscam administrar o preço das unidades não vendidas e enfrentam dificuldades, principalmente aquelas que iniciam obras pelo programa Minha Casa, Minha Vida faixa 1. A perspectiva de aumento nas taxas de juros e a escassez de recursos para crédito imobiliário são fatores preocupantes para o setor, podendo impactar negativamente o desempenho nos próximos meses.
Para amenizar os efeitos da crise, o presidente da CBIC propõe a liberação parcial dos depósitos compulsórios bancários para crédito imobiliário, visando aliviar a pressão sobre o setor. Essa sugestão conta com o apoio de entidades como Abrainc e Secovi, que também buscam alternativas para estimular o financiamento habitacional.
A Caixa Econômica Federal solicitou ao governo a liberação de uma parcela dos recursos da poupança, buscando destravar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões para o financiamento imobiliário. Essas medidas visam mitigar os impactos da atual crise e estimular a recuperação do mercado imobiliário brasileiro.