Desintrusão na Terra Indígena Karipuna: invasores e incêndios desafiam a preservação do território e qualidade do ar

A retirada dos não indígenas da TI Karipuna foi um processo complexo que exigiu a coordenação de equipes de mais de 20 órgãos federais e a realização de 152 ações planejadas. Desde janeiro, os líderes Karipuna já vinham alertando sobre a presença de invasores em busca de minérios valiosos na região, e em abril noticiaram a construção de casas por não indígenas no território.
Uma das dificuldades enfrentadas no combate a crimes em territórios indígenas é a existência de múltiplos acessos ilegais. No caso da TI Karipuna, foram identificadas e destruídas quatro entradas clandestinas durante o processo de desintrusão. O governo federal se comprometeu a manter efetivos da Força Nacional e da Funai no território para garantir a segurança dos indígenas.
No entanto, mesmo após a expulsão dos invasores, problemas como desmatamento e incêndios persistem na região. Segundo dados do Ministério da Justiça, o desmatamento na TI Karipuna reduziu consideravelmente em comparação aos anos anteriores, porém ainda há ocorrências de incêndios florestais preocupantes, especialmente nas proximidades das TIs Aripuanã e Roosevelt.
A liderança Karipuna expressou preocupação com a falta de equipe especializada para proteger a TI e auxiliar no combate aos incêndios. A região já enfrentou grandes perdas de vegetação nos últimos anos, sendo classificada entre os dez territórios com mais desmatamento. Além disso, a seca intensa e a mudança no regime de chuvas têm agravado a situação, com o nível do Rio Madeira atingindo patamares alarmantes.
Diante desses desafios, a liderança indígena espera uma revisão nos investimentos destinados aos estados do norte do país para enfrentar os impactos ambientais e sociais causados pelas invasões e desmatamento. Até o momento, o Ministério dos Povos Indígenas e a Funai não se pronunciaram sobre a situação na TI Karipuna. A comunidade aguarda soluções efetivas para proteger seu território e garantir sua sobrevivência.