Crime choca os Estados Unidos: mulher branca é condenada por matar vizinha negra em disputa por barulho de crianças
Na última sexta-feira (16), uma mulher branca da Flórida, nos Estados Unidos, foi condenada por homicídio culposo após atirar e matar sua vizinha negra em um caso que gerou indignação em todo o país. O trágico incidente ocorreu no ano passado em Ocala, cidade localizada a cerca de 130 km de Orlando.
Susan Lorincz, de 60 anos, disparou um tiro fatal contra Ajike Owens, de 35 anos, durante uma discussão relacionada ao barulho produzido por crianças. De acordo com as autoridades, a agressora havia discutido com as crianças e arremessado objetos em sua direção, o que levou a mãe dos menores, Owens, a procurar explicações na casa de Lorincz. O confronto resultou no trágico desfecho, com Owens sendo atingida por um tiro no peito.
O julgamento de Lorincz, que pode receber uma pena de até 30 anos de prisão, provocou intensas emoções. O veredicto foi anunciado por um júri composto por seis membros, todos brancos, após duas horas de deliberação. Os advogados da ré alegaram legítima defesa, mas a família de Owens, ativistas e advogados, incluindo Ben Crump do movimento Black Lives Matter, esperavam uma condenação mais severa.
O caso também suscitou debates sobre as leis de defesa pessoal nos Estados Unidos, presentes em cerca de 30 estados, que muitas vezes oferecem proteções legais para indivíduos que alegam agir em legítima defesa ao usar força letal. Durante o julgamento, a defesa de Lorincz alegou que a agressora agiu em autodefesa após ser ameaçada pela vítima, enquanto os promotores argumentaram que a porta da casa de Lorincz estava trancada e que não havia indícios de que Owens estivesse armada.
O procurador Bill Gladson justificou a decisão de acusar Lorincz por homicídio culposo em vez de assassinato em segundo grau, citando a falta de evidências de que a acusada agiu com “ódio, rancor, má vontade ou intenção maligna em relação à vítima”. A família de Owens expressou descontentamento com a composição do júri, composto apenas por jurados brancos.
O desfecho desse triste episódio ressalta a sensibilidade das questões raciais nos Estados Unidos e coloca em destaque a necessidade de justiça e equidade no sistema jurídico do país.