Especialistas alertam para o crescimento acelerado de estudantes com TEA e pedem preparação das escolas e comunidade para apoiar inclusão.

Especialistas alertam para a necessidade de preparo das escolas e comunidades para apoiar estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), em meio a um aumento significativo no número de casos. O debate sobre esse tema ocorreu durante uma audiência pública na Comissão de Educação e Cultura (CE) nesta quarta-feira (26).
O senador Flávio Arns (PSB-PR), presidente da CE e ex-secretário de Educação no Paraná, propôs a reunião por meio do requerimento REQ 54/2024 – CE. O objetivo era discutir o Parecer 50/2023 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que traz diretrizes para educadores lidarem com estudantes com TEA. Durante a audiência, foram levantadas sugestões de melhorias no parecer, enquanto outros destacaram a importância do documento. Arns enfatizou a necessidade de atualização da legislação educacional de acordo com a dinâmica da sociedade brasileira.
A secretária de Educação de Goiás, Fátima Gavioli, apontou a falta de recursos para implementar as mudanças propostas no parecer, como a inclusão de novos profissionais no ambiente escolar para lidar com alunos com TEA, bem como a formação adequada dos professores.
Gavioli também ressaltou o aumento significativo de diagnósticos de autismo em Goiás, passando de 395 para 3.256 alunos em apenas cinco anos, representando um aumento de 750% nos laudos.
A pedagoga Suely Menezes, relatora do parecer no CNE, defendeu o documento como uma resposta às demandas da sociedade e afirmou que está em constante reavaliação para aprimoramentos e ajustes.
Dificuldades na Inclusão
Josevanda Franco, presidente da Undime Região Nordeste e avó de uma criança com autismo, destacou os obstáculos enfrentados pelos municípios na inclusão e acompanhamento adequado dos alunos com TEA. Ela apontou a necessidade de mudanças nos currículos das universidades e na valorização da pedagogia para o debate sobre educação especial.
Opinião dos Estudantes
O diretor da Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas Autistas (Abraça), William de Jesus Silva, lamentou a falta de participação dos estudantes autistas na elaboração do parecer, defendendo maior inclusão e protagonismo desses indivíduos no processo de decisão.
Descentralização
O diretor de Políticas de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva do Ministério da Educação, Francisco Alexandre Dourado Mapurunga, ressaltou a importância de investimentos e descentralização de recursos para atender às demandas relacionadas ao TEA nas escolas.
Envolvimento Comunitário
O parecer do CNE destaca a relevância do engajamento de todos os setores da comunidade escolar na inclusão de alunos com TEA e destaca a necessidade de adaptações curriculares e formação adequada dos professores para garantir a acessibilidade e sustentabilidade da inclusão.