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O Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente Lula ascenderam na política brasileira com um discurso nacionalista, enfatizando a defesa da indústria nacional. Em julho do ano passado, Lula afirmou que tinha retornado ao Palácio do Planalto não para repetir o passado, mas sim para impulsionar uma “revolução industrial”. Ele ressaltou a importância do “desenvolvimentismo” prevalecer sobre os “financeiristas” para gerar mais oportunidades no país. No entanto, nos últimos dias, Lula provocou descontentamento em setores da indústria nacional ao questionar a taxação de compras de até US$ 50 feitas em sites estrangeiros, especialmente chineses, insinuando que tais produtos poderiam não competir com os produtos brasileiros.
A Câmara dos Deputados aprovou, na última terça-feira, a imposição de um imposto de importação de 20% sobre essas compras, mesmo que o relator do projeto defendesse uma taxa de 25%. Essa medida foi incluída de forma inesperada durante a votação da nova política para o setor automotivo, o Mover. Após intensas negociações com Arthur Lira, que defendia o fim da isenção, chegou-se a um acordo. Lula comprometeu-se a não vetar a lei, apesar de nenhuma das partes envolvidas ter ficado plenamente satisfeita com a decisão.
No ano passado, o ex-candidato à presidência Fernando Haddad propôs o fim da isenção de importações entre pessoas físicas, mas recuou devido à pressão de Lula, que considerou a medida impopular. Com a pressão da Fazenda para taxar produtos importados de baixo valor e a indústria reforçando a necessidade de protecionismo, a decisão acabou sendo tomada.
Em um contexto de declínio na popularidade e próximo às eleições municipais, Lula optou por ceder e fechar um acordo. Esta não foi sua única derrota na semana, que foi marcada por sucessivas derrotas para o governo, destacando sua vulnerabilidade no Congresso. A oposição demonstrou sua capacidade de mobilizar votos para aprovar projetos, especialmente relacionados a questões de costumes e defesa de valores tradicionais, temas prioritários para grupos religiosos influentes nos plenários do legislativo.
A extrema-direita tenta se apropriar dessas vitórias, porém seu sucesso ainda é dependente do centro liberal e conservador, mais interessado em pressionar o governo por negociações, especialmente em relação ao Orçamento. A aliança eventual entre esses grupos sinaliza um cenário desafiador para Lula e seus aliados nas eleições vindouras.
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