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Petrobras inicia terceiro mandato de Lula com mudanças intempestivas na gestão e sinaliza risco de volta ao passado




Matéria sobre a Petrobras

Lenta volta ao passado: o retorno da Petrobras à sua antiga estratégia

Os movimentos da Petrobras no início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão sendo vistos como uma lenta volta ao passado por especialistas da área de óleo e gás. As mudanças, que vêm acontecendo de forma gradual, ficaram mais claras com a divulgação do Plano Estratégico 2024-2028. O sinal amarelo do ano foi acionado apenas na quinta-feira (30) durante uma assembleia de acionistas.

Uma das alterações mais significativas foi a supressão de trechos do estatuto da companhia que blindavam indicações políticas à alta chefia da estatal. Isso gerou preocupação no mercado, com muitos o associando ao temor de que a estatal volte a ter os loteamentos que, no passado, propiciaram desvios de conduta e de bilhões de reais, apurados pela operação Lava Jato. Helder Queiroz, professor titular do Instituto de Economia da UFRJ que também foi diretor da ANP, afirmou que foi uma mudança “intempestiva, inoportuna e que abre margem para especulações desnecessárias”.

Outra mudança significativa foi a suspensão do PPI (preço de paridade de importação), que fazia o reajuste automático no mercado interno em relação ao valor internacional. A leitura no mercado é que a gestão dos preços dos combustíveis tem sido profissional, mas ainda existe um certo desconforto com a imprevisibilidade e a falta de transparência na formação dos valores que chegam à bomba.

A reestruturação da Petrobras também inclui um aumento dos investimentos, com a previsão de desembolso de US$ 102 bilhões (R$ 501,7 bilhões) de 2024 a 2028. Além disso, a estatal planeja retomar a atuação internacional, que tinha sido quase suspensa, com um foco na América do Sul e África. Há uma tentativa de reduzir a dependência externa, como por exemplo, através da intensificação da produção nacional de diesel. Essas mudanças estão sendo bem-vistas pelo mercado, com as ações da Petrobras em alta desde a eleição.

No entanto, a entrada da Petrobras na transição energética, com investimentos em energias renováveis, ao mesmo tempo que mantém a exploração de energias fósseis, tem gerado divergências, especialmente em relação à prospecção da margem equatorial, o que gerou divergências com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente).

É notável que a Petrobras está passando por uma mudança significativa de estratégia e direcionamento sob o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o que está gerando expectativas e preocupações no mercado. A ação da empresa no futuro, principalmente em relação à transição energética e ao leilão da bacia de Pelotas, é aguardada com expectativa, mas ainda suscita muitas dúvidas sobre como será implementada.


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