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Um método revolucionário criado em São Paulo possibilita a purificação eficiente da água contaminada pelo herbicida de maior circulação.

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram uma estratégia inovadora para combater resíduos de glifosato, um dos herbicidas mais utilizados em todo o mundo, que aumenta o risco de câncer. A técnica, baseada nos princípios da economia circular, utiliza o bagaço de cana-de-açúcar como matéria-prima.

A partir das fibras de celulose do bagaço, que passam por um processo de funcionalização química, é possível transformá-las em um material adsorvente, capaz de reter as moléculas de glifosato presentes na água. Assim, é possível remover o contaminante por meio de métodos como filtração, decantação ou centrifugação. Essa solução é de baixo custo e pode ser uma alternativa viável para lidar com esse problema.

O glifosato é amplamente utilizado na agricultura devido ao seu baixo custo e ao seu potencial para aumentar a produtividade das culturas. No entanto, estudos têm levantado preocupações sobre seus possíveis impactos na saúde humana, principalmente por aumentar o risco de câncer. Em países como Alemanha, Áustria, Dinamarca, Bulgária, Grécia, Colômbia, Costa Rica e El Salvador, o uso de produtos contendo glifosato foi restrito ou totalmente proibido. No Brasil, entretanto, são utilizadas cerca de 173.150,75 toneladas desse herbicida por ano, e parte dessa quantidade acaba sendo carregada pelas chuvas, contaminando rios, riachos e poços.

Com o apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), por meio de três projetos, pesquisadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Unesp em Presidente Prudente se dedicaram a encontrar uma solução para remover o glifosato da água. O trabalho foi coordenado pelo pós-doutorando Guilherme Dognani e pelo professor Aldo Eloizo Job.

A técnica desenvolvida pelos pesquisadores da Unesp pode ter um impacto significativo tanto na preservação do meio ambiente quanto na saúde pública. Além disso, a utilização do bagaço de cana-de-açúcar como matéria-prima é uma forma de dar um melhor destino a um subproduto gerado durante a produção de açúcar e etanol, contribuindo para a economia circular e a sustentabilidade.

Segundo Maria Vitória Guimarães Leal, primeira autora do artigo publicado na revista Pure and Applied Chemistry, as fibras de celulose do bagaço de cana-de-açúcar apresentam um grande potencial como material adsorvente. Essa descoberta pode abrir caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias e processos para tratar e remover outros tipos de poluentes presentes na água.

O estudo realizado pelos pesquisadores da Unesp é mais um exemplo do importante papel da ciência e da pesquisa na busca por soluções inovadoras e sustentáveis para os desafios ambientais enfrentados pelo mundo. A tecnologia desenvolvida pode representar um avanço significativo no combate à poluição e na preservação dos recursos hídricos.

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