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Assassinato de líder quilombola é condenado pela ONU.

A Organização das Nações Unidas (ONU) expressou sua condenação ao assassinato da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, ocorrido na última quinta-feira (18), no Quilombo Pitanga dos Palmares, localizado no município de Simões Filho, na Bahia. Em um comunicado divulgado no último sábado (19), o escritório regional para a América do Sul da ONU Direitos Humanos demonstrou solidariedade à família e à comunidade e exigiu que as autoridades brasileiras realizem uma investigação “rápida, imparcial e transparente” sobre o homicídio.

No comunicado, a ONU Direitos Humanos ressaltou a importância de Mãe Bernadete como uma mulher negra reconhecida, quilombola e representante de uma religião de matriz africana, além de defensora de seu território. A líder quilombola era coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho. Ela foi assassinada a tiros em sua própria casa e terreiro religioso, na presença de dois netos e mais duas crianças. Já há algum tempo, Mãe Bernadete vinha denunciando às autoridades ameaças de morte que vinha recebendo.

O comunicado também destacou o empenho de Mãe Bernadete em buscar justiça pela morte de seu filho Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo, que também foi assassinado a tiros em 2017. A ONU pediu ao Estado brasileiro que seja feita uma investigação rápida e transparente, além de garantir a proteção às comunidades quilombolas e oferecer medidas de amparo e reparação aos familiares e à comunidade de Bernadete Pacífico.

A ONU Direitos Humanos reforçou o apelo pela proteção das lideranças e dos defensores dos direitos humanos diante da constante violência sofrida pelas comunidades quilombolas. O organismo enfatizou o dever do Estado de proteger a vida, a integridade pessoal, os territórios, a liberdade religiosa e os recursos naturais desses povos.

Jan Jarab, representante da ONU Direitos Humanos na América do Sul, também repudiou o crime e afirmou que este terrível assassinato não pode ficar impune. Para ele, este caso é mais um exemplo dos perigos enfrentados pelas comunidades quilombolas diante da violência daqueles que ameaçam seus territórios e sua cultura.

Em entrevista à TV Brasil, Jurandir Wellington Pacífico, filho de Mãe Bernadete, relatou que sua mãe vinha recebendo ameaças de morte desde 2016 e ressaltou que este assassinato é uma consequência da impunidade em relação ao assassinato de seu irmão. Segundo ele, trata-se de um crime planejado, de execução, e que agora ele se sente ameaçado e teme pela sua própria vida.

O enterro de Mãe Bernadete ocorreu às 11h em um cemitério em Salvador, na Bahia. Antes do sepultamento, a líder quilombola foi homenageada com samba, rituais do candomblé e uma caminhada pelas ruas de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador. A morte de Mãe Bernadete é mais um triste episódio de violência contra lideranças quilombolas no Brasil, reforçando a necessidade de medidas urgentes para garantir a segurança e os direitos dessas comunidades.

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