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Economia global em pouso suave, mas desafios persistem, alerta comissário da União Europeia.




Artigo de Jornal

Após mais de um ano desde o fim oficial da pandemia da Covid-19, a economia global está experimentando um pouso suave, impulsionado pela queda da inflação e pela atividade econômica resiliente. Paolo Gentiloni, comissário da União Europeia para Assuntos Econômicos, destaca que apesar desse cenário positivo, ainda há desafios a enfrentar.

Em entrevista à Folha, Gentiloni enfatiza que “Não estamos pousando em um paraíso”, mencionando questões como desigualdades, investimentos necessários para questões climáticas e qualidade do crescimento econômico que precisam ser abordadas pelos países. Ele destaca que o termo “pouso suave” indica que o pior já passou, mas que há obstáculos a serem superados.

O comissário elogia o Brasil por levantar o debate sobre a taxação de super-ricos no G20, ressaltando que alcançar um acordo global significativo nesse sentido é um processo longo e desafiador. Durante as reuniões de Finanças do G20 realizadas no final de julho no Rio, ele discutiu os riscos e desafios que a economia global enfrenta atualmente.

Gentiloni aponta que a pandemia e a recente invasão russa na Ucrânia criaram crises consecutivas, afetando o comércio global e gerando tensões geopolíticas. Embora haja uma perspectiva positiva, com previsão de crescimento econômico estável, os impactos nas desigualdades, na inflação e na sustentabilidade da dívida ainda são desafios a serem superados.

Sobre a zona do euro, o comissário destaca a recuperação econômica da região, mas ressalta os impactos da invasão russa e a necessidade de transições para um modelo energético mais sustentável. Ele projeta um crescimento moderado para os próximos anos, impulsionado pela redução da inflação e pelo fortalecimento do mercado de trabalho.

Quanto à tributação global, Gentiloni destaca os avanços, especialmente em relação à taxação mínima para empresas e à realocação dos direitos de tributação para multinacionais. Ele valoriza os esforços da presidência brasileira em propor uma tributação das pessoas super-ricas, mas ressalta que implementar um acordo global nesse sentido será um desafio complexo e demorado.

Em relação a possíveis cenários políticos, Gentiloni destaca a importância da cooperação entre a União Europeia e os Estados Unidos, independentemente da liderança política. Ele enfatiza a necessidade de investimentos na área da defesa e nas questões climáticas, elogiando o engajamento do Brasil em questões ambientais.

Por fim, o comissário aborda o mecanismo de ajuste de carbono na fronteira e os possíveis impactos nas relações internacionais. Ele enfatiza a importância de manter ações concretas e colaborativas para enfrentar os desafios climáticos globais, destacando a complexidade e a necessidade de tempo para implementar mudanças significativas.


RAIO-X

Paolo Gentiloni, 69
Comissário da União Europeia para Assuntos Econômicos. Foi primeiro-ministro da Itália entre 2016 e 2018. Graduado em ciências políticas.


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