DestaqueUOL

Aldeamentos indígenas no Rio Grande do Sul: resistência, violência e desapropriação de terras.

Na história do Rio Grande do Sul, a criação de aldeamentos indígenas teve um papel fundamental no contato entre colonizadores europeus e povos nativos. Quatro aldeamentos principais foram estabelecidos: Guarita, Nonoai, Campo do Meio e Pontão. Esses locais, localizados nas regiões norte, noroeste e central do estado, tinham poucos habitantes, raramente ultrapassando a marca das centenas.

No início, as autoridades laicas eram responsáveis pela coordenação dos aldeamentos. No entanto, logo as missões religiosas, como os jesuítas, capuchinhos, dominicanos e até a Igreja Luterana, passaram a participar ativamente. Os indígenas recebiam artigos de subsistência, como roupas, sementes e ferramentas, com o objetivo de inseri-los no modo de vida ocidental, especialmente no trabalho agrícola.

A imposição da língua portuguesa e a tentativa de extinguir as línguas nativas eram vistas como algo positivo na época, um processo de “civilização”. No entanto, as comunidades indígenas resistiam a essa ideia, mantendo viva sua língua e cultura. Para os kaingang, por exemplo, a língua era parte fundamental de sua identidade, mesmo diante das pressões para abandoná-la.

Em 1850, foi instaurada a Lei de Terras no Brasil, regulamentando a compra e venda de terras. Isso resultou na consideração das terras ocupadas pelos indígenas como “devolutas”, sendo posteriormente legalizadas sob posse de terceiros. Muitos territórios foram vendidos a preços baixíssimos, beneficiando grandes fazendeiros em detrimento das populações indígenas.

A convivência nos aldeamentos nem sempre era pacífica, com grupos rivais compartilhando o mesmo espaço e resultando em conflitos. Além disso, muitos indígenas não se fixavam nessas regiões, realizando incursões guerreiras contra as colônias. As lideranças da época, muitas vezes, ignoravam as diferenças culturais e classificavam todos os indígenas de forma pejorativa, como “selvagens”.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo