
O Chile, um país historicamente conservador em relação ao aborto, vive um momento de tensão à medida que se aproxima a votação para a aprovação de uma nova Constituição. Atualmente, o aborto é permitido apenas em casos de risco à vida da mãe, estupro ou feto sem possibilidade de desenvolvimento, mas a nova Constituição em votação propõe considerar o embrião como uma pessoa, o que tornaria mais difícil a justificativa para a interrupção da gravidez.
Em reação a essa proposta, o Movimento Feminista chileno realizou um protesto próximo à Biblioteca Nacional, em Santiago, no qual denunciaram a imposição de uma moral conservadora e medieval. Eles afirmam que uma Constituição baseada em posições religiosas e fundamentalistas não está de acordo com os direitos à igualdade. O movimento teve o apoio da ex-presidente Michelle Bachelet, que anunciou que votará contra o novo texto.
Reconhecimento indígena
Por outro lado, o novo texto da Constituição reconhece, pela primeira vez, os povos indígenas, atendendo a uma demanda histórica dos povos originários, principalmente os mapuche, que representam cerca de 12% da população chilena. No entanto, esse reconhecimento não parece entusiasmar os eleitores, como afirma Andrès Calfuqueo, estudante de ciências políticas de origem mapuche, que declarou que o novo texto não o “representa” e que acabou dividindo a população ao invés de uní-la.