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Na Argentina, homenagens às vítimas da ditadura são vandalizadas, gerando indignação na sociedade. A violência contra a memória é repudiada.

Durante as eleições primárias que estão ocorrendo na Argentina, placas em homenagem às vítimas da última ditadura do país foram encontradas pichadas com mensagens ofensivas e alusões ao pré-candidato ultradireitista à presidência, Javier Milei. As placas pichadas estão localizadas em frente a três escolas na cidade de Buenos Aires, sendo uma delas a Escola de Comércio Carlos Pellegrini, no bairro da Recoleta.

Diante do ato de vandalismo, os estudantes do Carlos Pellegrini realizaram um protesto repudiando a ação e tomaram a iniciativa de limpar as placas, que listam os nomes dos alunos e professores da instituição que foram assassinados durante a ditadura. A reitora do colégio, Ana Barral, classificou o ato como “violência simbólica que expressa ódio” e ressaltou a importância de preservar a memória das vítimas e defender os direitos humanos.

As placas em homenagem às vítimas da ditadura foram instaladas nas calçadas da cidade de Buenos Aires em 2005, por meio da iniciativa do grupo argentino “Bairros pela Memória e Justiça”. A intenção é homenagear aqueles que foram vítimas da repressão durante o regime militar, que estima-se ter causado a morte e o desaparecimento de aproximadamente 30 mil pessoas. As placas são colocadas em locais onde as vítimas estudaram, trabalharam, moraram ou foram capturadas pelos agentes da ditadura.

Um dos presentes no ato de repúdio e limpeza das placas foi Silvana Colombo, fotógrafa de 55 anos, cujo irmão Sergio foi uma das vítimas da ditadura. Sergio, que tinha apenas 19 anos na época, era estudante do Carlos Pellegrini, ativista estudantil e cursava medicina. Silvana, que tinha apenas 9 anos no momento em que seu irmão desapareceu, acompanhou atentamente o ato de limpeza das placas, que têm um significado especial para ela e para outras famílias que também perderam entes queridos durante o regime militar.

Esse episódio de vandalismo nas placas de homenagem às vítimas da ditadura evidencia a polarização política que tem marcado as eleições argentinas. O pré-candidato ultradireitista à presidência, Javier Milei, tem se destacado por suas posturas polêmicas e por atrair um eleitorado radicalizado. No entanto, ao pichar as placas que representam a memória de um período sombrio da história argentina, indivíduos estão promovendo um discurso de ódio e negando a importância de preservar os direitos humanos e a democracia. Neste ano, a Argentina completa 40 anos de democracia ininterrupta, e é fundamental que a sociedade preserve a memória das vítimas da ditadura e reafirme seu compromisso com os valores democráticos.

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