
O momento crítico da esquerda nas eleições municipais
O fraco desempenho do PT e de legendas aliadas nas eleições municipais está gerando debates sobre a crise da esquerda e a necessidade de uma reformulação de sua agenda política. Apesar de alguns ressaltarem que as eleições locais muitas vezes giram em torno de temas mais práticos do que ideológicos, ao analisar o cenário eleitoral em um contexto mais amplo, é possível afirmar que a esquerda enfrenta um momento desafiador.
Dois elementos são apontados como possíveis contribuições para essa situação. O primeiro é o excesso de enfoque em questões identitárias, em detrimento da bandeira histórica da igualdade política. Embora a luta contra o racismo e outras formas de discriminação seja legítima, a abordagem identitária pode ter enfraquecido a mensagem de universalidade que a esquerda costumava defender.
O segundo elemento é a crescente adesão da esquerda ao jogo democrático, abandonando discursos de contestação e ruptura que eram mais comuns no passado. Essa institucionalização, no entanto, abriu espaço para a ascensão da extrema direita, que tem atraído parte da juventude com sua retórica contestadora. Em 2022, os jovens se mostraram favoráveis a Lula, mas em algumas eleições municipais recentes observamos um apoio significativo a candidatos de direita radical, seguindo uma tendência global.
É importante que a esquerda reavalie sua estratégia e encontre um equilíbrio entre questões identitárias e ideais universalistas, ao mesmo tempo em que mantenha o compromisso com a democracia. O momento eleitoral atual reflete um cenário complexo e desafiador para a esquerda, que precisa se adaptar às mudanças políticas e sociais em curso.