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Especialistas alertam para riscos da proteção regulatória do dossiê de testes para medicamentos humanos em audiência pública no Senado.





Audiência sobre proteção regulatória de dossiê de testes para medicamentos humanos preocupa especialistas

No período da tarde desta quarta-feira (15), a Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) realizou uma audiência pública para discutir a proteção regulatória do dossiê de testes (PRDT) para medicamentos humanos. Especialistas presentes no debate alertaram para os riscos que essa regulamentação pode trazer ao país, como a diminuição do acesso da população aos remédios genéricos e o aumento dos preços dos medicamentos.

O senador Izalci Lucas (PL-DF), autor do requerimento para a audiência, destacou que a adoção da PRDT destinada a produtos farmacêuticos de uso humano é um tema de extrema importância e que o Senado precisava discuti-lo. Ele ressaltou a necessidade de equilibrar a inovação com o acesso aos medicamentos, para garantir nao somente o desenvolvimento das indústrias, mas também a melhoria da vida dos pacientes.

SUS

Susana van der Ploeg, coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (GTPI/Rebrip), explicou que a PRDT traria exclusividade de dados, impedindo a entrada de medicamentos genéricos no mercado. Ela destacou que os principais interessados nessa proteção são as indústrias farmacêuticas transnacionais, o que poderia prejudicar seriamente a saúde pública e o orçamento do país.

Leandro Pedron, diretor do Departamento de Programas Temáticos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, ressaltou que a PRDT visa proteger informações clínicas e garantir um tempo específico para as empresas inovadoras lucrarem com suas descobertas. No entanto, ele reconheceu a necessidade de um debate mais profundo para encontrar um equilíbrio entre a inovação e o acesso aos medicamentos.

Prejuízos

Diversos convidados alertaram para os riscos e prejuízos que a implantação da PRDT poderia trazer ao Brasil. Ana Claudia Oliveira, especialista da Abifina, afirmou que a proteção de dados poderia atrasar o acesso a medicamentos no país, especialmente os genéricos. Já Adriana Diaféria, vice-presidente Executiva do Grupo FarmaBrasil, ressaltou que a indústria farmacêutica nacional seria prejudicada com essa medida, aumentando os gastos com saúde e reduzindo o acesso da população aos medicamentos.

Genéricos

A doutora Julia Paranhos, da UFRJ, apresentou dados que mostram como a exclusividade de dados pode afetar o acesso da população aos genéricos, aumentando os preços e reduzindo o consumo de medicamentos. Ana Carolina Navarrete, do Idec, destacou que a política dos genéricos é essencial para promover a justiça econômica no país e que a PRDT poderia destruir essa política.

Interativa

A audiência foi interativa, permitindo a participação dos cidadãos por meio do portal e-Cidadania. Mensagens de diversos internautas mostraram a preocupação com a possível adoção da PRDT, temendo o impacto negativo que essa regulamentação poderia trazer para a venda de genéricos e para o acesso aos medicamentos.

Trajetória dos genéricos

O Brasil completou 25 anos da política de medicamentos genéricos e, segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), essa política ajudou a reduzir os preços dos medicamentos e aumentar o acesso da população a eles. A confiança na qualidade dos genéricos também cresceu, comprovando a eficácia dessa política.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)


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