Contas da SuperVia sob análise por consultorias financeiras nomeadas pelo TJRJ em meio a crise dos trens urbanos no Rio

A crise envolvendo os trens urbanos não é recente e se arrasta há alguns anos. A Supervia entrou com um pedido de recuperação judicial em 2021, acumulando prejuízos que chegam a R$ 1,2 bilhão. A concessionária atribui essa situação aos impactos da pandemia de covid-19, ao congelamento de tarifas e a outras questões como furtos de cabos e problemas de segurança pública.
O consórcio Gumi, formado por empresas japonesas e atual controlador da Supervia, já ameaçou devolver a concessão do serviço em diversas ocasiões. Enquanto isso, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes (Agetransp), ligada ao governo do estado, vem aplicando multas à Supervia por descumprimento de contrato e falta de investimentos previstos.
No mês passado, diante da declaração da Supervia de que as dificuldades financeiras poderiam levá-la à falência em 60 dias, o TJRJ solicitou esclarecimentos do governador Cláudio Castro. Ele foi intimado a explicar se havia planos de contingência caso a concessão fosse devolvida e se havia possibilidade de reestruturação do contrato. O governo negou aportes adicionais de recursos e estimou que seriam necessários pelo menos 180 dias para substituir a atual concessionária.
O juiz Vitor Torres, que supervisiona o processo de recuperação judicial da Supervia, determinou a análise das contas da empresa, que está sendo realizada pela Tostes Consultoria e pela Alternativa Soluções e Projetos Financeiros. As duas empresas têm a responsabilidade de confirmar a situação econômico-financeira da concessionária e indicar valores mínimos necessários para manutenção e operação, assim como déficits projetados.
Na última terça-feira (11), em uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a Agetransp apresentou um relatório que aponta piora nos serviços prestados pela Supervia nos últimos anos. O tempo médio de viagem em alguns ramais aumentou, assim como as falhas no funcionamento de escadas rolantes e elevadores, resultando em multas que ultrapassam R$ 20 milhões.
Essa situação delicada envolvendo a Supervia e o governo do Rio de Janeiro reflete um impasse que vem se arrastando e que demanda respostas claras e soluções efetivas para garantir um serviço de transporte público de qualidade para a população carioca. A decisão final dependerá das análises financeiras em curso e das medidas a serem adotadas pelas partes envolvidas.