
O admirável jurista paulistano Antonio Carlos Mathias Coltro, cujo semblante sereno pode ser observado nas fotos, possui um passado que pode surpreender muitos: ele foi guitarrista de uma banda de rock durante a adolescência. Sua dedicação incansável ao trabalho como juiz e sua busca constante pelo conhecimento também são características marcantes em sua trajetória.
Nascido em São Paulo, Coltro mudou-se para Ribeirão Preto, a 291 km da capital, quando tinha cerca de dez anos. Seu pai, proprietário de uma imobiliária, decidiu que a família deveria viver no interior para ficar mais próximo de seu irmão. Antonio Carlos era o filho mais velho, tendo duas irmãs mais novas.
Curiosamente, a magistratura não era uma escolha óbvia para ele na juventude. Inicialmente, seu desejo era ser arquiteto. No entanto, ele mudou de ideia influenciado por seu tio, Romeu Coltro, que também era juiz e uma espécie de herói para o sobrinho. Assim, Antonio Carlos ingressou na Faculdade de Direito de Ribeirão Preto Laudo de Camargo.
Os tempos da banda de rock ficaram para trás quando, anos mais tarde, ele conheceu Mara, uma estudante de biologia da Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto), com quem se casaria. O encontro aconteceu na casa de uma tia de Mara, onde ele era amigo de primas dela. A vivacidade social de Coltro chamou a atenção de Mara e logo eles iniciaram um relacionamento.
Mara descreve Coltro como uma pessoa extremamente solidária e disposta a ajudar os amigos. Ele se tornou juiz em 1978, apenas dois anos após sua formação, e se casou pouco tempo depois.
Nos primeiros anos de sua carreira, ele atuou em varas do Judiciário paulista nas cidades de Jardinópolis, Rancharia e na capital. O tempo e esforço que ele dedicava ao trabalho impressionavam sua família. Seu filho mais novo, Guilherme, com cerca de cinco anos de idade, uma vez disse à mãe que, após a morte do juiz, ele deveria ser enterrado com a máquina de escrever para que pudesse continuar fazendo o que mais gostava na vida além da morte. Naquela época, o juiz já possuía mais de uma década de experiência na magistratura.
Ao longo das décadas seguintes, Coltro chegou a ocupar o cargo de vice-presidente do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, tornou-se desembargador e integrou o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo. Entre 2014 e 2015, ele foi presidente do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo).
Seu filho, Antonio Carlos, descreveu-o como uma pessoa simples, que nunca se gabava de suas conquistas e sempre permaneceu imparcial e dedicado ao trabalho. Além disso, na família, Coltro era conhecido como um avô brincalhão, pai generoso e marido dedicado. Ele lutou contra um câncer de pâncreas durante um ano e dez meses e, durante um período de aproximadamente cem dias, quando estava livre dos sintomas do tratamento, ele trabalhou em tempo integral e voltou à rotina familiar.
Antonio Carlos Mathias Coltro faleceu em 7 de agosto, deixando sua esposa, dois filhos e dois netos. Sua memória será sempre lembrada por sua dedicação à justiça e à família.
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