Estudo realizado em Toledo, Paraná, revela necessidade de doses de reforço da vacina Pfizer/BioNTech diante da variante Ômicron da covid-19.

Uma pesquisa realizada na cidade de Toledo, no Paraná, comprovou a importância da aplicação das doses de reforço da vacina contra a covid-19. O estudo, realizado em parceria pelo Hospital Moinhos de Vento, a farmacêutica Pfizer Brasil, a Universidade Federal do Paraná, a Inova Research e a Secretaria Municipal de Saúde, revelou que a proteção oferecida pelas duas doses da vacina monovalente original da Pfizer/BioNTech é de curta duração contra a covid-19 sintomática causada pela variante Ômicron.
De acordo com os pesquisadores, a efetividade da vacina monovalente original da Pfizer/BionNTech contra infecção sintomática pela variante Ômicron é de apenas 54%. A proteção das duas doses contra as variantes Ômicron BA.1 e BA.2 alcança respectivamente 58% e 51%. Além disso, a pesquisa identificou que a maior proteção foi notada no período após o recebimento das duas doses, com a capacidade de proteção contra infecção sintomática diminuindo ao longo do tempo.
O médico epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento, Maicon Falavigna, explicou que a efetividade da vacina foi alta após a vacinação inicial, mas diminuiu substancialmente de três a quatro meses após a segunda dose. Segundo o pesquisador, essa queda na proteção pode ter relação com a mudança do perfil epidemiológico verificado na circulação das variantes.
O estudo defende a importância da aplicação das doses de reforço da vacina contra o SarsCoV-2 e a manutenção da vigilância em relação ao comportamento da doença na população e da evolução do vírus. Os pesquisadores também reforçam a necessidade de adoção de vacinas adaptadas com componentes da variante Ômicron.
Para o médico do Serviço de Medicina Interna do Hospital Moinhos de Vento, Regis Goulart Rosa, o Brasil precisa ter uma alta cobertura vacinal com as doses de reforço. Ele destaca que quanto mais pessoas estiverem com a imunização completa, menor será a circulação do vírus e menores serão as chances e a velocidade do surgimento de novas variantes, aumentando a proteção da população como um todo.
A pesquisa também ressaltou que a queda na efetividade da vacina não significa necessariamente que ela perdeu efeito contra formas graves da doença, já que houve baixa ocorrência de hospitalizações e mortes associadas à doença na população do estudo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu o registro definitivo da vacina bivalente baseada na plataforma tecnológica de mRNA da Pfizer/BioNTech, que contém o componente contra a variante Ômicron na sua formulação. Isso garante a aplicação deste imunizante, que está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), como dose de reforço para pessoas a partir de 5 anos de idade.
O reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor Ricardo Marcelo Fonseca, destacou a importância do estudo realizado em parceria com a Pfizer em Toledo, considerando-o único em sua abordagem e monitoramento de toda a população após uma campanha de vacinação bem-sucedida.
Para os pesquisadores, o estudo é relevante por acompanhar em torno de 3,5% da população da cidade de Toledo após uma intensa campanha de vacinação que resultou em coberturas vacinais maiores de 90%. Esses dados são importantes para avaliar potenciais impactos a longo prazo da covid-19.
A diretora médica para Vacinas de Covid-19 da Pfizer para Região de Mercados Emergentes, Júlia Spinardi, reforçou a importância de fortalecer a pesquisa nacional e entender os efeitos da imunização contra covid-19 na população brasileira. Segundo ela, estudos que avaliam a utilização da vacina na vida real vêm sendo feitos em todo o mundo e são fundamentais para o entendimento das estratégias vacinais e medidas de controle da pandemia.
No entanto, é importante ressaltar que o estudo ainda está em fase de análise e os resultados devem ser submetidos a periódicos internacionais especializados até o final do ano.