
O presidente Lula, que retorna à ONU depois de 14 anos, fará uma defesa contundente da reforma do sistema de governança global, demanda histórica da diplomacia brasileira.
O segundo a discursar será o presidente dos EUA, Joe Biden, que está mergulhado, mesmo que não oficialmente, em sua campanha pela reeleição.
Outro discurso aguardado é o do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. Se mantiver seu tom habitual, ele deve pedir novamente o apoio de aliados ocidentais na guerra contra a Rússia, que começou há quase 19 meses por iniciativa de Vladimir Putin.
A Assembleia-Geral da ONU é um dos seis órgãos da organização e funciona como um Congresso mundial. Cada um dos 193 países-membros tem direito a um voto, mas seu poder de decisão é limitado, uma vez que a maioria das questões importantes é tratada pelo Conselho de Segurança.
Uma das principais funções da Assembleia-Geral é aprovar o orçamento anual da ONU. Esse é um dos poucos tópicos em que ela tem poder decisório e não depende de outros órgãos. Também cabe à Assembleia aprovar a indicação do secretário-geral e dos países que ocuparão as vagas rotativas do Conselho de Segurança. No entanto, os nomes são geralmente negociados antecipadamente, e o plenário da Assembleia apenas os ratifica.
O Debate Geral de Alto Nível é a semana em que líderes globais se encontram em Nova York, geralmente em setembro. Durante o evento, cada país pode se inscrever para fazer um discurso, limitado a 15 minutos neste ano, embora seja comum exceder esse limite. Paralelamente ao debate geral, ocorrem outros eventos e reuniões bilaterais.
Os principais temas deste ano incluem a discussão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), 17 metas estabelecidas pelos países em 2015 para serem alcançadas até 2030, das quais o mundo ainda está distante. Essas metas envolvem proteção ao meio ambiente, combate à pobreza e igualdade de gênero. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pretende incentivar os países a investirem mais dinheiro nessa causa. Outro tema importante será o combate às consequências da pandemia, como o aumento da fome, e a guerra na Ucrânia.
O Conselho de Segurança tem a função de decidir sobre questões de guerra e paz no mundo, como a imposição de sanções contra países e a autorização de intervenções. O órgão é composto por 15 membros, sendo 10 rotativos e 5 permanentes com direito a veto: EUA, França, Reino Unido, Rússia e China. Ao contrário da Assembleia-Geral, o Conselho tem o poder de fazer resoluções vinculativas, que não podem ser ignoradas pelos Estados.
Não são apenas os presidentes e primeiros-ministros de cada país que votam. Os líderes vão a Nova York, onde está a sede da ONU, para a abertura anual da Assembleia-Geral. Essa sessão dura uma semana e consiste em uma sequência de discursos. Após a semana de abertura, os representantes de cada Estado são liderados pela missão permanente na ONU, comandada por um embaixador e formada por diplomatas e assessores.
Este ano, alguns líderes não devem comparecer à Assembleia-Geral, incluindo o russo Vladimir Putin (que participou pela última vez em 2015), o chinês Xi Jinping, o indiano Narendra Modi, o francês Emmanuel Macron, o britânico Rishi Sunak e o filipino Ferdinand Marcos.
Embora não seja um rito previsto, o Brasil tem a tradição de abrir a Assembleia-Geral desde 1947, quando Oswaldo Aranha, então chefe da delegação brasileira, presidiu a Primeira Sessão Especial. Naquele ano, a criação do Estado de Israel foi aprovada com o voto favorável do Brasil.
A ordem dos discursos é definida após o Brasil, com os Estados Unidos sempre falando em seguida, por ser o país anfitrião. Posteriormente, a ordem é estabelecida seguindo um sistema complexo que considera o peso das delegações e a data de inscrição, entre outros critérios.