
O sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, que atuava na equipe dos ajudantes de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), movimentou em suas contas R$ 3,34 milhões entre 1.º fevereiro do ano passado e 8 de maio deste ano.
De acordo com informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), após requerimento do senador Jorge Kajuru (PSB-GO) à CPMI do 8 de Janeiro, foi constatado que Reis recebeu dezenas de depósitos e repassou parte dos recursos para o tenente-coronel Mauro Cid, seu chefe e principal auxiliar de Bolsonaro. Juntos, os dois militares movimentaram cerca de R$ 7 milhões.
O Coaf considerou que os repasses de recursos de Reis para Cid eram incompatíveis com a renda do militar, o que levantou suspeitas de lavagem de dinheiro.
Além disso, Reis foi preso em maio pela Polícia Federal durante uma operação que investigava fraude em cartões de vacinação, incluindo o de Bolsonaro. Cid também foi detido na mesma ação. O Coaf já havia detectado anteriormente que Cid movimentou R$ 3,75 milhões entre julho de 2020 e maio de 2022.
O sargento Reis, antes de ser preso, participou dos atos em Brasília que resultaram na depredação das sedes do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) em 8 de janeiro.
Ele também foi um dos alvos da Operação Venire da PF, que investiga um esquema de emissão de comprovantes falsos de vacinação contra a covid-19. Segundo as investigações, o sargento teria envolvido seu sobrinho, um médico chamado Farley Vinicius Alcântara, na falsificação de um dos cartões emitidos em nome da esposa de Cid.
Na ação da PF foram detidos outros assessores do ex-presidente: Max Guilherme e Sergio Cordeiro. Além deles, o secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos Brecha, e o advogado Ailton Gonçalves Moraes Barros – que foi candidato a deputado estadual no Rio pelo PL em 2022 – também foram presos.
Os dados do Coaf sobre a movimentação do tenente-coronel Mauro Cid já haviam indicado que o sargento Reis repassou R$ 82 mil a ele em um período de três meses, o que é incompatível com o salário mensal do sargento, que era de R$ 13,3 mil. O relatório do Coaf aponta a movimentação atípica e sem justificativa clara como indícios de lavagem de dinheiro.
A investigação da PF revelou que Cid e pessoas próximas montaram um esquema para vender no exterior joias e relógios que Bolsonaro recebeu como presidente e que deveriam ter sido destinados ao acervo da União. Os presentes foram colocados em leilão nos Estados Unidos e conversas pelo WhatsApp mostraram que Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid, planejaram trazer dinheiro do exterior para entregar pessoalmente a Bolsonaro.
Até o momento, não foi possível localizar a defesa do sargento Reis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.