Recuperação energética de resíduos sólidos: prioridade ambiental atrasada no Brasil, aponta especialista em audiência pública no Senado.

No Brasil precisa avançar na transformação de resíduos sólidos em energia, a chamada recuperação energética, para lidar com a questão da destinação adequada do lixo. Num cenário em que 40% dos 77 milhões de toneladas de resíduos produzidos anualmente estão indo parar em lixões, contaminando solo, rios e mares, o país se vê distante das práticas adotadas por nações desenvolvidas como Japão, Suíça e Dinamarca.
Nesta terça-feira (21), o superintendente-executivo da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), André Galvão, destacou em uma audiência pública promovida pela Comissão do Meio Ambiente (CMA) a urgência de medidas para enfrentar essa realidade negativa.
“Os resíduos sólidos estão impactando negativamente nosso ambiente, junto com o déficit de saneamento básico no país. A situação é grave e precisa de soluções urgentes”, ressaltou Galvão durante o debate conduzido pelo senador Zequinha Marinho (Podemos-PA).
Além disso, o senador Jaime Bagattoli (PL-RO) defendeu a produção de metano a partir dos resíduos sólidos e alertou para a importância da reciclagem e da educação da população na separação adequada do lixo.
As metas de recuperação energética fazem parte do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares) e são ferramentas essenciais para lidar com a questão dos resíduos no país, conforme estabelecido pela Lei 12.305 de 2010.
Problemas e Soluções
O representante da Abrema, André Galvão, enfatizou que o Brasil enfrenta desafios na gestão dos resíduos sólidos em todas as regiões. Ele questionou as razões que impedem o reúso do esgoto tratado e destacou a necessidade de tratamento adequado dos resíduos sólidos para evitar danos ao meio ambiente.
Já Ronei Alves da Silva, representante do Movimento Nacional dos Catadores, criticou a falta de incentivos efetivos para a reciclagem no país e alertou sobre os impactos negativos da queima de resíduos sólidos na prática de revaloração energética.
Contribuições da Reciclagem
Ludmilla Cabral, da Associação Brasileira do Biogás, ressaltou a importância da reciclagem na recuperação energética de resíduos sólidos, destacando a produção de biometano a partir da fração orgânica. Ela também apontou que a economia circular, baseada na reciclagem e no reúso de materiais, deve ser uma prioridade no Brasil.
Bia Nóbrega, do Instituto VivaCidades, reforçou a necessidade de continuar a implementação das metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos e de promover a obtenção de matérias-primas por meio da reciclagem. Ela ressaltou que o país tem um potencial significativo para produzir energia por meio de novos caminhos sustentáveis.
Perspectivas Futuras
O debate sobre a transformação de resíduos sólidos em energia aponta para a urgência de ações concretas para lidar com a questão dos resíduos no país. A reciclagem, o reúso de materiais e a recuperação energética são caminhos essenciais para garantir um ambiente saudável e sustentável para as gerações futuras.
Portanto, é fundamental que o Brasil avance na implementação de práticas mais eficientes e modernas para lidar com seus resíduos sólidos, buscando soluções inovadoras e sustentáveis para enfrentar os desafios ambientais e sociais relacionados a essa questão.