Novo ciclo de alta de juros pode levar Selic a acima de 11% em 2025, apontam economistas
No dia 18 de agosto, o Banco Central iniciou um novo ciclo de alta de juros, elevando a Selic de 10,5% para 10,75% ao ano. Economistas consultados pela Folha projetam que essa taxa poderá ultrapassar os 11% e se manter nesse patamar por alguns meses. A expectativa é de que a inflação chegue à meta de 3% com a necessidade de mais aumentos na taxa básica de juros.
Segundo Silvio Campos, economista-sênior da consultoria Tendências, “a magnitude total do ciclo de alta vai depender da evolução de indicadores e expectativas”. A projeção da Tendências aponta que a Selic poderá chegar a 11,75% até o final deste ano e 12% no início de 2025, retornando a 10,5% até o final do mesmo ano.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, também anunciou uma redução nas taxas de juros em 0,50 ponto percentual, estabelecendo a faixa entre 4,75% e 5,0%. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou que esperava essa movimentação por parte do banco americano e que isso poderá contribuir para um cenário favorável tanto no Brasil quanto no mundo.
Com relação à diferença de juros entre os EUA e o Brasil, Thaís Zara, economista sênior na LCA Consultores, destaca que isso pode atrair mais capital para o cenário doméstico, resultando em um câmbio mais apreciado e ajudando a controlar a inflação. No entanto, a questão fiscal ainda é um fator de peso no cenário brasileiro e o Banco Central continua com a postura de altas na Selic.
A LCA projeta um ciclo total de 1,50 ponto percentual de aumento na taxa básica de juros, indicando que o BC deve subir a Selic em 0,5 ponto nas próximas duas reuniões e 0,25 ponto na última, chegando a 12% ao ano antes de abril de 2025. Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, ressalta a importância do cenário fiscal para a redução dos juros no Brasil.
Gabriel Galípolo, indicado por Lula para comandar o BC, seguiu a decisão de aumento da Selic, alinhando-se ao atual chefe do BC, Roberto Campos Neto. O comitê ressaltou a necessidade de uma política de juros mais contracionista para controlar a inflação, destacando a resiliência da economia brasileira, pressões inflacionárias e expectativas distantes da meta perseguida.
A unanimidade dos votos no Copom traz estabilidade e confiança para o mercado, conforme aponta Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. A decisão foi criticada pela Força Sindical, que classificou o aumento de juros como prejudicial aos trabalhadores e à economia, enquanto a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, questionou a justificativa para o aumento.