Agência BrasilDestaque

Rio Negro atinge nível mais baixo desde 1902 e preocupa autoridades; situação de emergência é decretada em municípios do Amazonas.

A situação do Rio Negro, no Amazonas, continua preocupante devido à forte seca que assola a região. Nesta terça-feira (17), a cota do rio alcançou o nível mais baixo desde que as medições começaram a ser feitas, em 1902, registrando apenas 13,49 metros. Esse valor é ainda menor do que o registrado na segunda-feira (16), quando o rio estava em 13,59 metros. Em contraste, o maior volume já registrado foi em 2021, quando o nível do rio alcançou a marca de 30,02 metros.

Essa situação levou o governador do estado, Wilson Lima, a decretar situação de emergência em 55 dos 62 municípios do Amazonas no mês de setembro. Atualmente, 58 municípios do estado encontram-se em estado de calamidade e/ou de emergência.

Diante desse cenário desafiador, o governador se reuniu com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, na última segunda-feira, para discutir parcerias entre os governos federal, estaduais e municipais para fortalecer a assistência à saúde da população. Durante a reunião, a ministra anunciou o repasse de mais de R$ 233 milhões aos 62 municípios do Amazonas.

Desse valor, R$ 225 milhões serão destinados à recomposição do Teto MAC (média e alta complexidades) em 59 municípios. Além disso, um valor de R$ 8,9 milhões será direcionado à atenção primária em Lábrea, Tabatinga e São Gabriel da Cachoeira, cidades que possuem unidades de saúde geridas pelo estado.

Do montante destinado à média e alta complexidade, R$ 102,3 milhões serão repassados de uma só vez aos municípios, enquanto outros R$ 122,7 milhões serão incorporados ao teto de média e alta complexidade do estado.

Para realizar a distribuição dos recursos, o governo do estado considerou os coeficientes de rateio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Desse modo, R$ 100 milhões serão destinados a 61 municípios do Amazonas, enquanto R$ 12 milhões serão direcionados a Manaus, com o objetivo de auxiliar no abastecimento das unidades de saúde municipais com medicamentos, equipamentos de proteção individual (EPIs) e insumos hospitalares.

Além da diminuição no nível do Rio Negro, o Amazonas tem enfrentado uma redução acentuada na extensão de áreas cobertas por água. Em setembro deste ano, a superfície de água no estado foi a menor desde 2018, de acordo com a rede colaborativa MapBiomas. A redução atingiu 25 municípios, resultando em uma perda de mais de 10 mil hectares de superfície de água.

Essa situação tem afetado diversas regiões, como o Lago Tefé, onde mais de 140 botos morreram, e a Reserva Extrativista Auatí-Paraná, onde lagos inteiros secaram. O Lago de Coari também foi impactado, prejudicando o acesso a alimentos, medicamentos e o calendário escolar.

As causas dessa seca severa na região amazônica estão ligadas à combinação do fenômeno El Niño com o aquecimento do Atlântico Norte, resultando em uma estiagem intensa que pode se estender até janeiro de 2024. O estado do Amazonas é um dos mais afetados por essa situação, tendo aproximadamente 20 estações hidrológicas registrando condições de seca no mês de setembro.

Diante desse quadro preocupante, é necessário unir esforços e recursos para enfrentar os desafios enfrentados pela população do Amazonas, especialmente nas áreas da saúde e no abastecimento de água e insumos essenciais para os municípios afetados. A resposta conjunta dos governos federal, estaduais e municipais é fundamental para mitigar os impactos dessa seca histórica na região.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo