
Perfil de Maria de Fátima Mommensohn – Uma vida dedicada à literatura e dança
Desde pequena, Maria de Fátima Mommensohn demonstrava um amor incondicional pelos livros. Em Londrina (PR), sua cidade natal, ela se isolava no guarda-roupas aos 7 anos para mergulhar em leituras e ouvir música clássica. Esse foi o início de uma jornada repleta de paixão pela literatura.
Com o passar dos anos, Maria mudou-se para São Paulo com sua família e descobriu na cidade grande um refúgio para sua sede de conhecimento. Uma edícula da casa se transformou em um refúgio onde ela podia viajar por mundos imaginários através das páginas dos livros.
As muitas leituras fizeram com que ela aprendesse inglês e francês por conta própria, demonstrando sua determinação em absorver todo o conhecimento que os livros poderiam oferecer. No entanto, sua sede por respostas e questionamentos profundos sobre a Bíblia a levaram a ser expulsa de escolas, como o Colégio Santana, onde os questionamentos levantados pela jovem incomodaram as freiras a tal ponto que preferiram pedir sua transferência.
No Colégio Rio Branco, Maria encontrou não só uma nova paixão, o palco, mas também um grupo de teatro amador, o Tear, que a introduziu ao universo das artes cênicas. A menina que sempre amou a arte das palavras agora se aventurava no universo do corpo, tornando-se bailarina e pesquisadora de dança.
Graduada no Sistema Rudolf Laban com Maria Duschenes, Maria coordenou dez edições bienais do Encontro Laban em espaços públicos de São Paulo, marcando sua contribuição para a cena artística da cidade. Como diretora de montagens no grupo Minik Momdó e professora na Escola Municipal de Bailado de São Paulo, ela influenciou inúmeras vidas ao redor do mundo.
Mesmo com toda sua experiência na dança, Maria de Fátima Mommensohn optou por uma vida simples e discreta, sem seguir os padrões mercadológicos. Sua filha, Naia Camargo, a descreve como uma “filósofa do movimento”, uma artista que expressava sua essência através da dança e do amor pela arte, muito além de questões técnicas.
Além de sua dedicação à dança, Maria também tinha um amor inveterado por livros pop-up e brinquedos de montar, refletindo sua admiração por objetos tridimensionais. Seu interesse por cachaças também era evidente, demonstrando sua curiosidade e paixão por aprender sobre diferentes assuntos.
Maria de Fátima Mommensohn faleceu em 2 de agosto, aos 70 anos, após lutar por dois anos contra as sequelas de um AVC. Sua filha Naia, herdeira de seu legado, segue mantendo viva a memória e o amor de Maria pelas artes e pela vida.
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