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Linguagem neutra: uma variação necessária ou um pretexto para ataques à minorias?

A linguagem neutra e sua relação com a violência simbólica

A linguagem binária, por sua própria natureza, é considerada violenta pois não abre espaço para outras formas de existir serem nomeadas. Mudanças significativas nas estruturas sociais começam também pela linguagem. É importante ressaltar que expressões como “judiação”, “denegrir” ou “criado mudo” são ofensivas para judeus e negros, e devem ser combatidas.

Mudar simplesmente as expressões não é suficiente para eliminar o preconceito e a discriminação, mas é um passo importante em direção ao cuidado, empatia e sensibilidade ao outro.

No que diz respeito à chamada “linguagem neutra”, é ilusório pensar em neutralidade gramatical por diversos motivos. Primeiramente, não existe neutralidade na linguagem, já que toda língua carrega consigo influências ideológicas. Em segundo lugar, a marcação de gênero, embora seja debatida politicamente, ainda não se estabeleceu como uma língua propriamente dita, visto que não possui uma gramática definida e não há obras literárias escritas em linguagem neutra.

É relevante ressaltar que a linguagem neutra deve ser encarada como mais uma variante da língua que, em determinados contextos, pode ser necessária para atender demandas específicas. Porém, é essencial reconhecer que quem determina o uso e a evolução da língua é o povo, não a gramática.

No entanto, é importante observar que a linguagem neutra tem sido utilizada como um argumento pela direita e ultradireita para atacar minorias. Em vez de apresentarem propostas concretas para melhorar a qualidade de vida das pessoas, muitos políticos preferem criar um inimigo fictício – como a linguagem neutra – para instigar um clima de conflito e divisão.

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