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Donos de gravadoras de funk em São Paulo apoiam candidatos da direita e causam polêmica no meio artístico e político




Artigo – Descolamento de donos de gravadoras de funk da esquerda nas eleições municipais de São Paulo

Descolamento de donos de gravadoras de funk da esquerda nas eleições municipais de São Paulo

No cenário das eleições municipais de São Paulo, dois importantes donos de gravadoras de funk, Rodrigo Oliveira da GR6 e Henrique Viana, conhecido como Rato da Love Funk, surpreenderam ao se descolarem publicamente da esquerda e mostrarem seu apoio aos candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB). Essa atitude gerou polêmica no meio artístico, com críticas de figuras como MC Hariel e Filipe Ret, que expressaram sua decepção com a postura dessas figuras apoiando candidatos com posicionamentos considerados decadentes.

Essa movimentação vai de encontro ao histórico do movimento funk, tradicionalmente ligado a pautas da esquerda, sendo frequentemente alvo de críticas por políticos conservadores. As letras das músicas de funk também são frequentemente associadas à sexualização e ao tráfico de drogas, o que gera debates políticos acalorados.

É importante ressaltar que o funk não é um movimento homogêneo, e apoios contraditórios não são incomuns. Em 2018, por exemplo, cantores como Buchecha e Latino endossaram o ex-presidente Jair Bolsonaro. Além disso, os especialistas apontam que os donos de gravadoras têm interesses comerciais e empresariais que muitas vezes os levam a apoiar candidatos de maneira independente.

Diante desses acontecimentos, a equipe do candidato Guilherme Boulos (PSOL) se manifestou, destacando a centralização da campanha em setores da cultura na periferia e lamentando a falta de diálogo com os representantes do movimento funk. O apoio pessoal de Rodrigo Oliveira a Ricardo Nunes gerou ruído, levando a GR6 a esclarecer que se trata de uma decisão individual, não institucional.

Por outro lado, Henrique Viana da Love Funk recebeu o candidato Pablo Marçal em seu escritório, mas ressaltou que não se trata de um apoio formal. Viana criticou a postura de Boulos, acusando-o de não buscar o diálogo com as produtoras de funk. Além disso, destacou a falta de conhecimento de Marçal sobre o mercado do funk, gerando questionamentos sobre a real intenção por trás do encontro.

O cenário político das eleições municipais de São Paulo ganha mais um elemento de surpresa com o apoio da empresária musical e produtora KondZilla à candidata do PSB, Tabata Amaral. Esse apoio é transparente e anunciado publicamente, demonstrando uma conexão direta entre a música funk e as esferas políticas.

Diante desses movimentos, Danylo Cymrot, especialista em direito e autor do livro “O Funk na Batida: Baile, Rua e Parlamento”, destaca que o funk reflete as divisões da sociedade e que a postura dos produtores pode sinalizar uma falha na comunicação da esquerda com segmentos insatisfeitos. O apoio divergente de figuras importantes do cenário funk mostra como a política e a cultura se entrelaçam de maneira complexa e dinâmica nas eleições municipais de São Paulo.


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