
PIB Brasileiro: Crescimento Surpreende e Desafia Projeções
No começo de setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará os números do segundo trimestre do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. As projeções mais recentes indicam um desempenho forte da economia no período, mesmo após o choque negativo associado à tragédia no Rio Grande do Sul em maio. Com isso, já se fala em um crescimento do PIB para este ano de 2024 na faixa de 2,5% a 3,0%, muito próximo dos 2,9% observados em 2023.
Vale ressaltar que as projeções iniciais para o crescimento do PIB brasileiro no início deste ano estavam em torno de 1,5%. Muitos analistas, inclusive, acreditavam que a atividade econômica perderia fôlego devido a uma perspectiva de queda na renda agropecuária e à crise econômica na Argentina, que deverá recuar cerca de 5% em 2024.
Embora esses dois choques negativos estejam se concretizando, a economia brasileira continua surpreendendo positivamente. Parte desse desempenho pode ser atribuída à injeção de recursos no valor de R$92 bilhões no final de 2023, decorrente do pagamento de precatórios atrasados, algo que não estava previsto pelos analistas até dezembro.
Com a economia brasileira caminhando para o terceiro ano consecutivo de crescimento em torno dos 3%, surgem questionamentos se esse não seria o novo “ritmo potencial” após uma década de estagnação. No entanto, é necessário cautela, pois surpresas positivas persistentes podem não refletir mudanças estruturais.
O conceito de “PIB potencial” é frequentemente mencionado entre os economistas e representa a estimativa do crescimento da capacidade de oferta de bens e serviços da economia. Se a economia cresce acima do potencial por muito tempo, podem surgir gargalos e pressões inflacionárias.
Reformas e Perspectivas
Algumas reformas importantes recentemente aprovadas, como a da tributação indireta (CBS/IBS) e o Novo Marco Legal de Garantias, podem elevar o crescimento potencial do Brasil para 2,5% ou 3%. No entanto, esse impacto será sentido de forma mais gradual ao longo da década atual.
Situação Atual e Desafios
Com a economia brasileira mostrando sinais de superaquecimento e a desvalorização do real frente ao dólar, o cenário de uma taxa Selic abaixo de dois dígitos em 2024 parece cada vez mais improvável. A taxa básica de juros em 10,5% ainda é considerada restritiva, especialmente se comparada a um juro “neutro” em torno de 8,5% a 9% ao ano.
Diante desse panorama, surge a dúvida se um aumento da Selic é necessário para garantir a inflação dentro da meta estabelecida para o início de 2026.