A cobertura do Censo Demográfico 2022 teve uma taxa de erro líquida de 8,3%, segundo a Pesquisa de Pós-Enumeração divulgada nesta quinta-feira, 22, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado da análise, que apura tanto as omissões quanto as inclusões indevidas feitas durante a realização da coleta, foi considerado “aceitável” para padrões internacionais, afirmou o corpo técnico do instituto.
“Foi um censo bem-sucedido, e o porcentual de erro foi aceitável internacionalmente”, disse Juliana Souza, técnica da pesquisa do IBGE.
Em relação à margem de erro de censos brasileiros anteriores, Juliana justificou que foram feitas pesquisas semelhantes de verificação da qualidade, porém, com adoção de outros métodos e sem registros que permitam comparações.
A Pesquisa de Pós-Enumeração do Censo Demográfico 2022 (PPE) faz uma análise da cobertura do levantamento censitário para mapear eventuais falhas na contagem de domicílios e de pessoas, que podem ser tanto por omissão dos existentes quanto por inclusão indevida de excedentes. A pesquisa de qualidade é realizada a partir de uma amostra de setores censitários selecionados após o término das coletas do levantamento censitário.
O Censo Demográfico recenseou 195,101 milhões de brasileiros. Com as imputações para os domicílios considerados ocupados sem entrevista realizada, o total populacional encontrado foi de 203,081 milhões de brasileiros na data de referência, que é 1º de agosto de 2022. No entanto, os trabalhos posteriores de análise da cobertura da coleta apontaram uma omissão de 12,2%, além de uma inclusão indevida de 3,3%, resultando numa taxa de erro bruto de 14,8%.
O IBGE frisa que a taxa de erro líquida de enumeração de pessoas de 8,3% para a média do Brasil se refere ao total de pessoas efetivamente recenseadas, e não à população final estimada no Censo. Essa taxa foi mais elevada nos Estados do Rio de Janeiro, onde alcançou 15,5%, seguido por Rondônia (11,2%), Roraima (10,9%), São Paulo (10,8%) e Amapá (10,8%). As menores taxas de erro foram vistas na Paraíba (3,8%), Piauí (4,1%) e Alagoas (4,8%).
“Qualquer censo conta com algum nível de imprecisão”, afirmou Souza, lembrando da extensão continental e complexidade territorial do Brasil. “É uma operação muito complexa.”
O Rio de Janeiro, onde o erro foi mais acentuado, teve 9,8% dos domicílios omitidos ou sem entrevista. No Estado de São Paulo, 7,6% dos domicílios foram omitidos ou não entrevistados.
Segundo Juliana Souza, a pesquisa mostra que há maior dificuldade de cobertura da população e domicílios em municípios maiores, como é o caso da capital fluminense. No Rio de Janeiro, existe ainda um “desafio” de cobertura em favelas e em condomínios de alto padrão. “Temos dificuldade de acessar essas áreas”, justificou ela.
A taxa de erro se mostrou mais elevada em cidades mais populosas, subindo de 3,86% em municípios com até 14 mil habitantes para 13,18% em municípios com mais de 1 milhão de habitantes. Quanto às faixas etárias, a pesquisa percebeu taxas de omissão maiores entre crianças na faixa de 0 a 4 anos e na população jovem adulta de 20 a 24 anos.
O objetivo da pesquisa, diz a técnica do IBGE, é observar onde estão as imprecisões, reconhecer os erros, e assim tornar as falhas mais transparentes.
“É razoável supor que algum nível de erro ocorra”, disse Souza, lembrando que as falhas não ocorrem da mesma forma em todo o território.
Segundo Souza, o resultado geral da pesquisa “é um resultado coerente com outros países” e “alinhado com ajustes da projeção” da população, que estima os contingentes populacionais com base tanto nas contagens quanto em outros registros administrativos, como de nascimentos e mortes.
As novas Estimativas e Projeções da População também foram divulgadas pelo IBGE nesta quinta-feira, 22, a partir dos dados do Censo Demográfico 2022. Os resultados encontraram uma população 3,9% maior do que a divulgada pelo Censo Demográfico, o equivalente a 8 milhões de habitantes a mais no País no ano de 2022.