Maquete tátil do Congresso Nacional é reinstalada após atos antidemocráticos, promovendo acessibilidade e inclusão no Salão Verde da Câmara dos Deputados.

15/08/2024 – 18:04

“Ver” o palácio do Congresso Nacional com os dedos voltou a ser possível com a reinstalação da maquete tátil no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Após ter sido parcialmente destruída durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro do ano passado, a obra passou por restauração. A reinstalação fez parte do lançamento do projeto Obras de Arte e Espaços com Acessibilidade, realizado em um evento nesta quinta-feira (15). O projeto tem como objetivo proporcionar a todos os cidadãos a experiência de conhecer a Câmara dos Deputados, suas obras de arte e sua arquitetura, como destacou o enfermeiro aposentado Manoel Jesus Vieira de Matos.

Matos ressaltou a importância de resgatar a história e a cidadania por meio da arte acessível a todos, não apenas aos deficientes visuais. Ele enfatizou a valorização e preservação do patrimônio histórico, destacando que a reinstalação da maquete ensina a aprender com os erros e a reconhecer a importância da recuperação.

Parceria
O projeto representa o início da consolidação da Câmara no acesso a tecnologias inclusivas, como libras, áudios e legendas, incluindo a produção de materiais em braile. Desde o ano passado, o projeto conta com a colaboração do ensino especial do Distrito Federal, conforme explicou o professor Deusdede Marques de Oliveira, do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais na 612 sul, em Brasília.

A iniciativa envolveu estudantes, professores, familiares e equipe gestora em um esforço conjunto para promover a acessibilidade e autonomia das pessoas com deficiência visual. Descrições completas das obras em QR code e braile foram desenvolvidas para garantir o acesso autônomo e pleno, sem a necessidade de auxílio externo.

Entre as obras de arte impactadas pelo projeto estão o mural “Ventania”, de Athos Bulcão; o painel “Candangos”, de Di Cavalcanti; e a escultura “Anjo”, de Alfredo Ceschiatti. A experiência inclusiva foi projetada para atrações que desejam conhecer a Câmara dos Deputados.

A primeira fase do projeto consistiu na identificação das obras de arte e dos espaços nobres por meio de placas com texto em letras ampliadas e braile, além de oferecer informações em formatos alternativos, como vídeos com áudio, legendas e libras, por meio de QR codes.

Direitos
O deputado Haroldo Cathedral (PSD-RR) destacou a importância do evento em comemoração aos 15 anos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada pelo Brasil. Durante o lançamento, foi apresentado um livro com letras grandes pela Edições Câmara, visando facilitar a leitura de pessoas com baixa visão.

O deputado ressaltou a necessidade de promover a acessibilidade nas obras de arte da Câmara, por meio de áudio-guias, braile e outros recursos, garantindo a real inclusão de todos os visitantes, incluindo os que possuem deficiência visual.

O projeto, desenvolvido pela Coordenação de Acessibilidade e pela Equipe de Turismo Cívico e Receptivo Institucional, teve início em agosto do ano anterior, envolvendo estudos detalhados e a participação de pessoas com diferentes tipos de deficiência. A diretora da coordenação, Eliana Ramagem, destacou a abrangência do projeto e sua proposta de tornar as informações acessíveis a um público diversificado.

Ramagem enfatizou a importância da parceria com as áreas de comunicação e documentação da Câmara, que contribuíram na restauração da maquete tátil. Além disso, ressaltou a participação de estudantes e profissionais, incluindo parlamentares e representantes de instituições públicas e privadas que atuam na defesa dos direitos das pessoas com deficiência.

As próximas etapas do projeto incluem a ampliação da acessibilidade nas obras de arte em todo o edifício principal e anexos, com previsão para os próximos meses. O programa de visitação do Congresso Nacional, em vigor desde 1998 e que recebe mais de 15 mil visitantes mensalmente, permite agendamento online para as visitas.

Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Ana Chalub