Nascidos em Ponte Nova e criados em Abre Campo, ambos na zona da mata mineira, Victor e Leo começaram a cantar profissionalmente juntos desde o fim da adolescência. Porém, em 2018, eles anunciaram a separação, após uma série de desgastes e divergências estéticas.
Enquanto Leo se interessava por uma pegada mais pop, com músicas de levada fácil e até dançante, Victor se destacava como compositor da dupla, sempre buscando compor músicas particulares. Seu jeito de tocar violão chamava a atenção, com dedilhados bonitos e achados originais, misturando influências do pop, blues, música caipira e folk.
Foi nessa linha que a dupla lançou o CD “Borboletas”, em 2008, que é considerado por muitos como o melhor disco da geração do sertanejo universitário. O álbum, além da bela capa, se destacava por ser um trabalho de estúdio de alto nível, pop sem ser banal, diferenciando-se da maioria da produção sertaneja da época.
A canção que deu nome ao disco, “Deus e Eu no Sertão”, tocou insistentemente em todo o Brasil e foi trilha sonora da novela global “Paraíso”. O álbum também trouxe outras músicas menos conhecidas, como “Nada Normal”, “Tanta Solidão” e “Lado Errado”, todas com o estilo dedilhado de Victor. O compositor abordou sua personalidade introspectiva em “Timidez”, uma bela música que infelizmente é pouco conhecida fora do mundo dos fãs da dupla.
Os trabalhos seguintes, “Boa Sorte pra Você” (2010) e “Amor de Alma” (2011), buscavam estar à altura de “Borboletas”. A dupla se manteve no topo da música sertaneja, com Victor se tornando o campeão da arrecadação de direitos autorais no Brasil por quatro anos consecutivos. No entanto, o sucesso também trouxe problemas, com Victor enfrentando momentos de depressão durante o auge da fama.
Enquanto Victor passava por dificuldades, Leo começou a compor músicas com uma pegada mais pop, mais comum e arranjos que incluíam solos de guitarra. Discos como “Viva por Mim” (2013) refletiam mais a contribuição de Leo, com 8 músicas suas no álbum, enquanto Victor tinha apenas 4 composições.
Desde então, a dupla tentou conciliar suas diferenças estéticas. No CD “Irmãos”, lançado em 2015, eles dividiram as composições, mas os arranjos perderam a especificidade instrumental de Victor.
No álbum “O Cantor do Sertão”, de 2018, a dupla voltou a pegada violonística original, porém, a obra não foi devidamente divulgada devido às tensões entre eles e ao desgaste de anos de estrada.
A separação ocorreu em 2018, após Victor se envolver em um caso polêmico em que foi acusado de agredir sua própria mulher, envolvendo também sua mãe e irmã. A repercussão negativa do caso levou à saída da dupla do programa “The Voice Kids”, sendo substituídos pela dupla Simone & Simaria.
Desde então, Victor e Leo seguiram caminhos separados. Leo se dedicou à carreira de palestrante, à divulgação de seu livro de autoajuda e fez shows solo. Já Victor lançou o álbum solo “Projeto VC” em 2020, que foi pouco divulgado devido à pandemia da Covid-19 e à falta de shows.
O retorno da dupla surpreendeu muitas pessoas, já que ambos estavam desenvolvendo suas carreiras individuais. Victor prometia lançar o segundo volume de seu álbum solo, enquanto Leo lançou recentemente um DVD com a participação de Gusttavo Lima e Henrique & Juliano.
A decisão de retornar pode estar relacionada ao vultoso cachê de R$ 70 milhões oferecido para os shows. Ainda não ficou claro se essa volta é definitiva ou apenas uma turnê para lucrar com o saudosismo do público sertanejo, mas bandas como Los Hermanos e Titãs já provaram que é possível lucrar com retornos.
Resta saber como as divergências estéticas entre Victor e Leo serão resolvidas. Será que a dupla tem algo novo a dizer artisticamente ou o retorno é apenas uma questão de ganhar mais dinheiro? Esperamos que o dinheiro não seja o único motivo, já que ambos têm muito a oferecer artisticamente, seja juntos ou separados.
