
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, surpreendeu nesta quarta-feira (31) ao apresentar um pedido de auditoria das eleições ao Tribunal Supremo de Justiça. O gesto é uma resposta às alegações de fraude levantadas tanto pela oposição quanto pela comunidade internacional. Maduro também anunciou que divulgará as atas de apuração eleitoral levantadas por seu partido, mas não deixou de direcionar ataques e acusações de golpe de Estado contra seus rivais.
O segredo em torno do conteúdo das atas de apuração das mesas eleitorais é o principal motivo do ceticismo interno e externo sobre a declaração de vitória eleitoral de Maduro. Denúncias de impedimento do acesso de fiscais da oposição aos boletins de urna e diferenças nos resultados anunciados geraram desconfiança sobre a transparência do pleito.
Em entrevista coletiva realizada na sede do tribunal, Maduro expressou disposição em apresentar todas as atas eleitorais e colaborar com qualquer investigação. Por outro lado, reafirmou sua posição como candidato vencedor e acusou seus opositores de tentarem um golpe de Estado.
O presidente venezuelano cobrou transparência da autoridade eleitoral e acusou os manifestantes de participarem de um complô internacional contra o país. Ele ainda direcionou acusações diretas a seu principal adversário, Edmundo González, e à líder da oposição, María Corina Machado, de tentarem desestabilizar o governo.
O pedido de auditoria foi encaminhado ao Tribunal Supremo de Justiça, órgão criticado por atuar em parceria com o governo. O procurador-geral também abriu ações contra González e Machado, aumentando a tensão política no país.
O ex-presidente Lula defendeu a divulgação das atas como forma de esclarecer qualquer suspeita de fraude. Enquanto isso, representantes de países que não reconheceram o resultado foram expulsos pelo governo venezuelano.
Maduro, no poder desde 2013, busca legitimar sua reeleição e descartar dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral. Se confirmado, seu mandato se estenderá até 2031.
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