
Presidente Lula critica taxa de carbono da União Europeia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas contundentes, nesta segunda-feira (15), à taxa de carbono criada pela União Europeia, conhecida como mecanismo de controle de emissão de carbono na fronteira (Cbam, na sigla em inglês). O tributo incide sobre produtos de fora da UE que não comprovarem a redução de emissões de gases poluentes, visando garantir a competitividade dos produtores europeus que investem em sustentabilidade.
Em declaração conjunta com o presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, no Palácio do Planalto, Lula ressaltou a necessidade de o bloco resolver suas “contradições internas” para avançar nas negociações com o Mercosul. Ele alertou que a taxa de carbono imposta unilateralmente pela União Europeia pode afetar significativamente as exportações brasileiras para o mercado italiano.
Lula enfatizou a importância da redução das emissões de CO2, mas criticou a adoção de medidas unilaterais que impactam negativamente produtores brasileiros e consumidores italianos. A declaração conjunta também contemplou acordos de cooperação para promover intercâmbios entre universidades dos dois países.
A taxação ambiental imposta pela UE, juntamente com a nova regra para barrar a compra de bens de áreas desmatadas, preocupa o governo brasileiro e setores produtivos, especialmente a indústria siderúrgica, um dos maiores emissores de CO2 no mundo. A cobrança “antipoluição” será efetivada a partir de 2026, com uma fase transitória a partir de outubro deste ano, ajustando o valor com base no preço semanal do carbono na UE.
Marcela Carvalho, da Camex, destacou a discrepância do impacto dessa taxa nos mercados desenvolvidos e em desenvolvimento, ressaltando a complexidade da situação para países emergentes como o Brasil. A crítica de Lula à postura da União Europeia não obteve resposta do presidente italiano, que reforçou a importância de firmar o acordo comercial.
O acordo entre UE e Mercosul, negociado desde 1999 e concluído em 2019, ainda aguarda ratificação de ambos os blocos. Novas exigências ambientais e divergências sobre o impacto na indústria brasileira colocam em risco a aprovação do acordo, que representa uma decisão histórica para as relações comerciais internacionais.