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Profissionais de saúde protestam contra transferência da gestão do Hospital Federal do Andaraí para Prefeitura do Rio de Janeiro







Profissionais de Saúde Protestam Contra Municipalização do Hospital do Andaraí

Ato dos servidores do Hospital do Andaraí.
Ato dos servidores do Hospital do Andaraí. Reprodução: Mayara Alves.

Nesta segunda-feira (08), profissionais de saúde protestaram contra a decisão do Ministério da Saúde de transferir a administração do Hospital Federal do Andaraí (HFA) para a gestão municipal. O ato ocorreu em frente à unidade, convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Sindsprev) do Rio de Janeiro.

Na sexta-feira (05), uma portaria do Ministério da Saúde foi publicada no Diário Oficial da União, transferindo a administração do Hospital do Andaraí para a prefeitura do Rio de Janeiro. Inicialmente, a gestão será compartilhada por 90 dias, com possibilidade de prorrogação “sucessivas vezes”, conforme necessário. A portaria foi assinada pela ministra Nísia Trindade.

Durante o período de 90 dias, será feita uma espécie de período de transição, no qual o governo federal irá transferir bens móveis e imóveis, além de disponibilizar servidores federais. Após esse tempo, a gestão passará definitivamente para a Secretaria Municipal de Saúde.

O Sindsprev argumenta que a municipalização é ilegal e preparou uma ação popular para ser protocolada na Justiça Federal. Segundo informações da Agência Brasil, o departamento jurídico do sindicato solicita que uma decisão liminar seja concedida para anular imediatamente a portaria em questão.

Conforme a petição, houve desrespeito às Leis de Responsabilidade Fiscal e Eleitoral. “Os atos adotados pela ministra da Saúde Nísia Trindade Lima afrontam aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”, alega o sindicato.

O Sindsprev também defende que, diferente do que determina a Constituição Federal e a Lei 8.142/90, que se refere a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), a ministra “afrontou a participação popular” e “não respeitou a democratização da gestão prevista em texto constitucional, suprimindo o direito do cidadão de ser fazer ouvir e participar nas tomadas de decisão e de fiscalização”.

Segundo o sindicato, o início do compartilhamento de gestão a apenas 90 dias das eleições municipais é visto como um desrespeito às regras eleitorais. A categoria argumenta que, durante os três meses que antecedem o pleito, há uma vedação para a transferência voluntária de recursos da União para Estados e Municípios.

O sindicato também relembra um episódio anterior de municipalização de hospitais federais no Rio de Janeiro, em 1998. Na ocasião, a transferência de gestão foi revertida em 2005, após o Ministério da Saúde decretar estado de calamidade e retomar o controle das unidades hospitalares. “Essa receita que hoje se apresenta como solução não é a solução. Não aceitaremos a entrega da nossa rede”, afirma a diretora sindical Christiane Gerardo.


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