
Advogado processa espólio de João Gilberto por falta de pagamento
O advogado Gustavo Miranda, que representava o espólio de João Gilberto, decidiu entrar com um processo contra o próprio espólio e o filho do artista, João Marcelo, alegando falta de pagamento de seus honorários advocatícios. Segundo a defesa de Miranda, ele trabalhou em cinco processos e dois inquéritos sem receber nenhum centavo entre 2019 e 2020.
“Advoguei sem receber um único centavo em cinco processos e dois inquéritos, de 2019 a 2020”, afirmou Miranda, que se mostrou grato a João Gilberto, mas lamentou as brigas recorrentes na família.
A Folha entrou em contato com João Marcelo Gilberto, porém ele se recusou a comentar o caso. Miranda relatou ter enviado mais de dez minutas de contrato para João Marcelo, as quais nunca foram assinadas.
A ação de arbitramento foi distribuída na última sexta-feira (5) e está em trâmite na 38ª Vara Cível do Rio de Janeiro. Após essa etapa, espera-se que um juiz fixe um valor e dê continuidade ao processo. Os processos relacionados aos herdeiros e ex-companheiras de João Gilberto que disputam sua herança continuam seguindo seu curso, mas Miranda foi substituído.
A defesa do advogado garantiu que fará todo o possível para garantir que seu cliente seja devidamente remunerado pelos serviços prestados e não pagos. João Gilberto não deixou nenhum móvel em seu nome, embora algumas peças tenham valor histórico-financeiro, como violões tocados pelo músico.
Já em março de 2019, João Gilberto saiu vitorioso de um processo milionário contra a gravadora EMI, hoje Universal, com royalties devidos desde 1964 que poderiam chegar a R$ 173 milhões conforme o processo.
Gustavo Miranda foi contratado por João Marcelo em 2018, antes do falecimento de João Gilberto, quando Bebel Gilberto havia conseguido na Justiça a interdição do pai. A partir de abril de 2019, o advogado passou a assessorar João Marcelo em disputas judiciais com sua irmã Bebel Gilberto e Paula Lavigne, chegando a conviver de perto com o pai da bossa nova nos seus últimos meses de vida.
“Eu convivi intensamente com João Gilberto em seus últimos três meses de vida. Eu é que fechei os seus olhos com a minha mão, fiz sua barba, escolhi o seu vestuário — terno e gravata Armani e camisa Versace — e prestei informações à imprensa”, afirmou Gustavo Miranda.