Especialistas alertam para a necessidade de combater o uso do cigarro eletrônico no Brasil para manter a redução no número de fumantes.

Durante a audiência, a coordenadora estadual do Programa Nacional de Controle do Tabagismo de São Paulo, Sandra Marques, afirmou que 25% dos jovens de 18 a 24 anos estão experimentando tabaco pela primeira vez por meio dos cigarros eletrônicos. Esse índice aumentou em 20%, conforme dados apresentados pelo Covitel 2023, estudo de monitoramento dos fatores de risco para doenças crônicas no Brasil.
Apesar de a venda de cigarros eletrônicos ser proibida no país, Margareth Dalcolmo ressaltou a facilidade de compra do produto em qualquer lugar. Com isso, cada vez mais adolescentes, inclusive crianças de 12 ou 13 anos de idade, estão chegando aos consultórios médicos com danos nos pulmões semelhantes aos observados em idosos de 80 anos fumantes há muito tempo.
“A permissividade da venda de cigarros eletrônicos está criando de maneira perversa novas legiões de dependentes de nicotina, que vão desenvolver doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) em uma idade muito mais jovem do que o esperado”, alerta a pneumologista.
Segundo o deputado Dr. Zacharias Calil (União-GO), autor do requerimento para a realização da audiência pública, a DPOC é responsável por metade das mortes relacionadas ao tabagismo e representa um grande custo para o sistema de saúde. No Brasil, a doença afeta cerca de 17% da população, sendo a quinta maior causa de internações entre pacientes com mais de 40 anos, gerando um gasto anual de R$ 103 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Os especialistas destacaram que o cigarro é responsável por 13% do total de mortes no País. No entanto, a arrecadação de impostos com produtos de tabaco cobre apenas 10% dos custos dos problemas causados por eles.
Apesar dos desafios, o Brasil conseguiu reduzir significativamente a prevalência de fumantes na população, passando de 35% para menos de 10%, com o auxílio de políticas públicas implementadas desde a década de 1980. O país foi pioneiro em ações antitabaco, como a inserção de advertências nos maços de cigarro e a proibição de fumar em locais fechados.
Segundo o oficial nacional de Controle de Tabaco e Impostos Saudáveis da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, Diogo Alves, nenhum outro país conseguiu alcançar o mesmo índice de redução no consumo de produtos com nicotina. A diretora-geral da ONG Aliança de Controle do Tabagismo, Monica Andreis, defende a criação de um imposto seletivo para cigarros e derivados do tabaco, como forma efetiva de reduzir o consumo desses produtos. Essa medida já foi aprovada pela Câmara dos Deputados na reforma tributária e está em análise no Senado.
Apesar dos avanços conquistados, o Brasil ainda enfrenta desafios neste campo e precisa estar preparado para enfrentar a nova ameaça dos cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens. Medidas de controle do tabagismo e conscientização sobre os riscos do consumo de cigarro, incluindo os eletrônicos, são essenciais para garantir a saúde e o bem-estar da população brasileira.