
O resgate dos “dumbphones” na infância: uma alternativa aos smartphones
No valor de cento e cinquenta reais, a advogada Fernanda Estelles Martins adquiriu um celular para o seu filho de 9 anos. Esse ato resume o movimento de alguns pais que estão resgatando aparelhos antigos, conhecidos como “dumbphones”, para proteger o aprendizado e a saúde física e mental de crianças e adolescentes.
Enquanto os smartphones oferecem uma miríade de funcionalidades, os “dumbphones” possuem recursos básicos, como fazer chamadas, tirar fotos precárias e jogar games simplórios, como o clássico “jogo da cobrinha”. Essa escolha se baseia em pesquisas que apontam os prejuízos dos smartphones no desenvolvimento infantojuvenil.
O movimento Desconecta, formado por famílias de escolas particulares no Brasil, defende a proibição do uso de smartphones por crianças até os 14 anos. Ideias semelhantes têm eco em grupos internacionais, como o Wait Until 8th, dos EUA, e o Smartphone Free Childhood, da Inglaterra, que incentivam a limitação da exposição dos jovens aos dispositivos digitais.
Além dos “dumbphones”, os relógios inteligentes para crianças surgem como uma alternativa aos smartphones. Esses dispositivos permitem fazer e receber chamadas controladas pelos pais através de um aplicativo. Fernanda, por exemplo, adotou o uso desse recurso para se comunicar com seu filho e garantir sua segurança.
Essas mudanças de comportamento se refletem no mercado, com um aumento na venda de “dumbphones”. Empresas estão investindo nesses aparelhos básicos e a Nokia, famosa fabricante de celulares antigos, ressalta a escolha inteligente de optar por um “telefone burro”.
A preocupação com os efeitos nocivos das redes sociais e da pressão social também impulsiona a busca por alternativas aos smartphones. Para muitos pais, a aquisição de “dumbphones” e relógios inteligentes representa uma forma de proteger a saúde mental e promover um uso saudável da tecnologia pelas crianças.
O movimento de resgate dos “dumbphones” e a popularização dos relógios inteligentes sinalizam uma mudança no modo como as famílias lidam com a presença da tecnologia na vida dos jovens. A busca por um equilíbrio entre o uso dos dispositivos digitais e o bem-estar das crianças se torna cada vez mais relevante em um mundo hiperconectado.