Oficina suspeita de guardar entorpecentes é descoberta no local onde veículo de policial militar foi apreendido na cracolândia.
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Uma oficina localizada nas proximidades da antiga cracolândia, na praça Júlio Prestes, está sendo investigada pela Polícia Civil por suspeita de utilizar os veículos de clientes como esconderijos para drogas. A investigação foi iniciada após a polícia encontrar drogas em um carro particular pertencente a um policial militar, que foi preso na última sexta-feira (18).
De acordo com o depoimento do soldado, o dono da oficina teria utilizado o veículo do policial, que havia sido deixado para conserto, para armazenar seis tijolos de maconha. Por sua vez, o proprietário da oficina acusa o militar de ter oferecido um dos tijolos como pagamento em troca do serviço de esconder o veículo com os entorpecentes.
Embora não estivesse presente durante a apreensão, o policial teve sua prisão em flagrante convertida em preventiva e foi encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes. O dono da oficina também continua detido.
A denúncia que resultou na prisão do policial partiu de um integrante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), unidade de elite da Polícia Militar. O PM trabalha como motorista do carro oficial de um tenente-coronel do 13º Batalhão da Polícia Militar, que também está sob investigação.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) foi questionada sobre o envolvimento do policial militar com o tráfico de drogas na região da cracolândia, porém não divulgou detalhes devido ao sigilo da investigação em curso. Em nota, a Polícia Militar ressaltou que não compactua com desvios de conduta e que todas as denúncias são apuradas rigorosamente.
A ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo informou que abriu um procedimento para acompanhar o caso e garantir que a verdade seja esclarecida para a sociedade. Segundo o órgão, o Comando de Policiamento de Área Metropolitano 1 (CPA/M1), responsável pelo 13º batalhão, não encontrou indícios de envolvimento do comandante com as drogas encontradas.
A reportagem não conseguiu entrar em contato com a oficina mecânica, uma vez que o número registrado não existe. A defesa do policial militar também não foi encontrada devido ao sigilo do processo.
A Polícia Militar passou a atuar com mais destaque na região da cracolândia no início deste ano, após alterações no comando do governo estadual e na gestão de Tarcísio de Freitas. Essa mudança ocorreu após a substituição do delegado que coordenava as operações na cracolândia, as quais eram realizadas pela Polícia Civil e pela Guarda Civil Metropolitana (GCM).