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Relações Diplomáticas Brasil-EUA ao Longo dos Anos
O ex-presidente José Sarney fez uma revelação impactante durante sua gestão, afirmando que passou por momentos difíceis sem apoio dos Estados Unidos. Os detalhes desse período foram relatados em um artigo na revista Foreign Affairs em 1986, quando Sarney se preparava para um encontro com Ronald Reagan na Casa Branca.
A falta de apoio dos EUA durante a transição democrática brasileira foi um duro golpe para o Brasil, que esperava uma reaproximação para lidar com a crise econômica e a dívida externa. No entanto, Reagan tinha outras prioridades, incluindo questões comerciais e o combate ao comunismo na América Central.
Segundo a pesquisadora Monica Hirst, especialista nas relações Brasil-EUA, a democratização brasileira aconteceu em meio a uma “Segunda Guerra Fria”, onde os interesses estratégicos não se alinhavam entre os dois países. Esse momento de distanciamento contrasta com a postura recente de Joe Biden, que buscou apoiar a democracia durante as eleições brasileiras.
No entanto, nos anos 1980, a relação entre os presidentes Sarney e Reagan enfrentou turbulências, com conflitos econômicos, como o processo comercial contra a Lei de Informática brasileira e a moratória da dívida em 1987. Além disso, eventos como o assassinato de Chico Mendes e a recusa brasileira de apoiar os EUA na Guerra do Golfo contribuíram para o distanciamento entre as nações.
As relações melhoraram com a chegada de George H. W. Bush na presidência, que promoveu acordos econômicos e uma agenda liberalizante favorável aos interesses americanos. Apesar disso, desafios como a Guerra do Golfo em 1990 e a crise doméstica no Brasil afetaram a cooperação bilateral.
Nos anos 1990, durante os governos de Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton, o tema principal das relações foi o acordo de livre comércio. Com a derrocada da União Soviética e crises políticas na América Latina, os EUA buscavam promover uma agenda liberalizante para estabilizar a região.
No entanto, a crise dos Tigres Asiáticos e mudanças políticas internas nos Estados Unidos e no Brasil enfraqueceram essa cooperação. O projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) perdeu força e foi enterrado durante o governo Lula, marcando um novo capítulo nas relações bilaterais.
Esses altos e baixos ao longo das décadas refletem a complexidade das relações diplomáticas entre Brasil e EUA, influenciadas por contextos internos e externos que moldaram a cooperação e os desafios enfrentados por esses dois países.