Líder defende fim do estereótipo da pessoa em situação de rua.

De acordo com Edvaldo Gonçalves, coordenador estadual do Movimento Nacional de Lutas da População em Situação de Rua, ainda existe muita descrença sobre a capacidade dessas pessoas se mobilizarem. O movimento de luta é considerado “atípico” por não possuir recursos e sobreviver apenas pela força e vontade dos envolvidos. Antes da existência dos celulares, as informações eram repassadas boca a boca, uma estratégia que ainda é utilizada até hoje por uma parcela significativa desse grupo.
Gonçalves destaca que o estereótipo da pessoa em situação de rua precisa ser combatido, pois ele acaba reforçando preconceitos e visões distorcidas sobre essas pessoas. A rua não é apenas habitada por “doidos” e “cachaceiros”, como muitos acreditam. Muitas vezes, quem vive nas ruas possui algum transtorno mental e precisa de ajuda. Além disso, o coordenador aponta para o crescimento do preconceito contra os pobres, principalmente em regiões onde a direita é predominante. Esse aspecto tem gerado contestações, inclusive do padre Júlio Lancelotti, um símbolo na luta pela moradia e direitos dos moradores de rua.
Para Gonçalves, o tratamento dado a cada pessoa é determinado pela presença ou ausência de moradia. Ele questiona se alguém que usa drogas ilícitas e tem uma casa é tratado de forma diferente daquele que usa na rua. Da mesma forma, ele provoca a reflexão sobre o estigma de ladrão que é atribuído a quem rouba e não possui moradia, enquanto aqueles que têm uma casa são considerados de outra forma.
Separação de aproximadamente 590 mil imóveis vazios em São Paulo e de mais de 11,4 milhões em todo o país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela a discrepância entre a quantidade de imóveis disponíveis e a quantidade de pessoas em situação de rua. Essas estatísticas evidenciam a necessidade de políticas públicas efetivas para combater o problema da falta de moradia.
Em resumo, a luta da população em situação de rua é constante e enfrenta desafios complexos. As mídias sociais e os celulares, apesar das limitações, têm sido importantes ferramentas para amplificar suas vozes e mobilizar ações coletivas. No entanto, ainda há muito a ser feito para que essas pessoas sejam compreendidas e amparadas pela sociedade e pelo poder público.