Brasileiro responsável por chacina no Ceará é capturado e detido pelas autoridades norte-americanas.

A captura de Vidal Filho ocorreu em Rye, uma cidade que possui cerca de 5.000 habitantes no estado de New Hampshire, nordeste dos Estados Unidos. Ele foi detido sem incidentes e estava na lista de procurados da Interpol, organização internacional que colabora com as polícias de diferentes países na captura de fugitivos, a pedido do Brasil.
Atualmente, ele permanece sob custódia da ICE (Immigration and Customs Enforcement), agência americana responsável por questões de imigração, aguardando uma audiência com um juiz federal. O Tribunal de Justiça do Ceará já iniciou os trâmites necessários junto ao Ministério da Justiça para que o ex-policial seja extraditado para o Brasil. A reportagem entrou em contato com o consulado brasileiro em Boston, mas não obteve retorno até o momento da publicação deste texto.
O julgamento de Vidal Filho ocorreu em junho deste ano, com sua participação por videoconferência. De acordo com seu advogado, Delano Cruz, o brasileiro se mudou para os Estados Unidos em 2019 para acompanhar sua esposa, que estava realizando um curso de pós-graduação e estudando inglês. Ambos estavam legalmente no país e têm uma filha de 7 meses. Vidal Filho trabalhava na área da construção civil.
Cruz afirmou que solicitou a nulidade do processo devido ao cerceamento de defesa durante o julgamento, argumentando que não houve tempo suficiente para sua sustentação oral, com cada parte tendo menos de 40 minutos. A defesa de Vidal Filho também está em contato com um advogado de imigração americano para acompanhar o caso.
A defesa alega que o ex-policial estava na corporação há apenas quatro meses quando ocorreu a chacina. Além disso, ele não possuía arma, não foi filmado durante as mortes e teria uma multa como álibi. Segundo o advogado, a condenação foi resultado de uma questão midiática.
A chacina do Curió é considerada o maior caso já tratado pelo Tribunal de Justiça do Ceará, com um total de 34 réus divididos em três processos. O massacre ocorreu nos dias 11 e 12 de novembro de 2015 em nove locais diferentes. O Ministério Público do estado afirmou que as vítimas dos policiais foram escolhidas aleatoriamente como retaliação à morte de um policial que reagiu a um roubo.
As vítimas eram todos homens e a maioria tinha menos de 18 anos. De acordo com a procuradoria, foram mortos Alef Sousa Cavalcante, 17; Antônio Alisson Inácio Cardoso, 17; Francisco Enildo Pereira Chagas, 41; Jandson Alexandre de Sousa, 19; Jardel Lima dos Santos, 17; José Gilvan Pinto Barbosa, 41; Marcelo da Silva Mendes, 17; Patrício João Pinho Leite, 16; Pedro Alcântara Barroso, 18; Renayson Girão da Silva, 17; e Valmir Ferreira da Conceição, 37.