Estudo mostra que covid-19 expõe desigualdades no Brasil e aponta fragilidades do SUS
Publicado no International Journal for Equity in Health, o estudo analisou dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados mostraram que mais de 70% das internações por covid-19 no Brasil foram cobertas pelo SUS, o que ressalta a importância do sistema público de saúde.
No entanto, o estudo também revelou que o SUS apresentou uma pior mortalidade hospitalar ajustada em comparação com hospitais privados e filantrópicos. Além disso, houve variações na mortalidade de pacientes internados associadas não apenas à idade e gravidade do caso, mas também a desigualdades sociais, regionais e no acesso ao cuidado de qualidade. Indivíduos negros e indígenas residentes em municípios de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e internados fora de sua cidade de residência apresentaram maiores chances de morrer no hospital.
O estudo também indicou uma maior mortalidade hospitalar por covid-19 entre pessoas pretas em todas as regiões do Brasil e indígenas nas regiões Norte e Centro-Oeste. Houve um pico de ocorrência de óbitos em março de 2021, quando os hospitais estavam operando no máximo da capacidade ou acima dela, levando à escassez de recursos críticos, como ventiladores, oxigênio e leitos de UTI.
Os resultados do estudo ressaltaram a importância fundamental do SUS na prestação de cuidados de saúde, mas também apontaram fragilidades no desempenho das unidades hospitalares do SUS, refletindo problemas estruturais e de financiamento acumulados. As autoras do artigo sugerem que melhorias precisam ser feitas para preparar o sistema de saúde para futuras pandemias, incluindo investimentos em mais infraestrutura de saúde, aumento do número de profissionais de saúde e melhores salários e condições de trabalho, além de dispositivos de proteção.
Em resumo, o estudo destaca a necessidade de esforços contínuos para melhorar a qualidade e a equidade dos cuidados de saúde para todos, alertando para a importância de investimento e melhoria do SUS.
