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Lideranças Guarani Kaiowá denunciam agressão a documentaristas não indígenas e cobram proteção em encontro no Mato Grosso do Sul.

Lideranças indígenas da etnia guarani kaiowá encerraram neste domingo (26) um encontro no Mato Grosso do Sul para discutir os diversos tipos de problemas vividos nas aldeias em áreas como saúde, educação e questões relacionadas à demarcação de terras e a violência praticada por fazendeiros contra a população.

Durante os debates, que abordam os muitos casos de violências praticados contra indígenas, dois documentaristas não indígenas, que participaram do encontro e preparam um filme sobre a situação dos guarani, sentiram na pele a violência que, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), há muito assola os povos indígenas da região.

O evento foi organizado pela Aty Guasu e resultou em um documento com demandas que serão apresentadas às autoridades. Nesta edição, as principais reivindicações estão voltadas à homologação de terras e demarcações.

Sally Ñhandeva, comunicadora da Aty Guasu e também integrante da Apib, explicou que a assembleia tem o objetivo de debater o que falta nas aldeias e usar o documento resultante do encontro para pressionar as autoridades em relação à demarcação de terras.

Os documentaristas não indígenas, Renaud Philippe e Ana Carolina Mira Porto, estão preparando um fotodocumentário sobre a luta kaiowá e guarani pela demarcação das terras e sobre a realidade de acampamentos, territórios e retomadas. Após participarem da assembleia da Aty Guasu, decidiram ir até uma aldeia de Iguatemi onde pretendiam filmar, após terem ouvido relatos de que dois indígenas haviam desaparecido.

Durante o deslocamento para a aldeia, os documentaristas foram abordados por uma equipe do Departamento de Operações de Fronteira, da Polícia Militar (PM). Mais tarde, ao retornarem da aldeia, encontraram uma barreira de carros bloqueando a estrada. Impedidos de prosseguir, os três relatam terem sido ameaçados de morte e sofrido agressões físicas.

O caso está sendo acompanhado pelas defensorias públicas da União (DPU) e de Mato Grosso do Sul (DPE-MS), e a Polícia Federal ficou responsável pela investigação devido ao contexto de disputa de terras envolvendo comunidades indígenas.

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) informou que lamenta e repudia profundamente o ataque aos três profissionais que estavam produzindo um documentário sobre os povos da etnia guarani kaiowá e acionará outros órgãos do governo para garantir a segurança dos profissionais.

Em meio a esses acontecimentos, é importante ressaltar a necessidade de coibir a violência contra todas as pessoas e garantir a proteção das comunidades indígenas e de profissionais que buscam documentar a realidade desses povos. A crescente onda de intimidação e violência contra aqueles que buscam defender os direitos dos povos indígenas é preocupante e deve ser combatida de forma eficiente pelo governo e demais autoridades responsáveis.

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