DestaqueDiário do Rio

Crise na Av. Brasil: o caos da segurança pública no Rio de Janeiro expõe a vulnerabilidade dos cidadãos diante dos confrontos armados.

Marcos Espínola, advogado criminalista e especialista em segurança pública

O cidadão carioca vive a sua pior fase no que diz respeito ao direito de ir e vir. Os constantes confrontos têm transformado a vida dos habitantes, e o recente episódio na Av. Brasil evidencia o caos em que estamos imersos. A pergunta que ecoa nas mentes de todos é: até quando as autoridades esperarão antes de agir de forma integrada e eficaz? O cenário de guerra irregular que vivemos é terrível, pois não segue regras e coloca em risco a segurança dos civis.

A tragédia na Av. Brasil, nas proximidades da Cidade Alta, chocou trabalhadores em seus carros e ônibus, em meio a um intenso tiroteio desencadeado pela reação de criminosos a uma operação policial. O pânico se espalhou, com motoristas se abaixando em meio à troca de tiros. Mais uma vez, cidadãos inocentes foram feridos e mortos. Trabalhadores que, sem opções, se veem vulneráveis e à mercê de uma realidade violenta.

O Instituto Fogo Cruzado registrou, apenas no mês de setembro, 196 tiroteios na Região Metropolitana do Rio, sendo que 40% ocorreram durante ações policiais. Isso indica que a polícia está atuando, porém é fundamental ressaltar que ela sozinha não será capaz de conter a escalada da criminalidade. Diversas áreas da cidade estão dominadas por criminosos e milicianos, que impõem suas próprias regras e exploram os moradores, enquanto o Estado parece alheio e sem controle.

A retomada dessas regiões e a restauração da paz exigem planejamento estratégico e inteligência, algo que tem sido mencionado há anos, mas que continua sem avanços. Talvez a grande falha do país seja encarar a Segurança Pública como uma questão política de governo, e não como uma política de Estado. Um exemplo disso foi o fracasso das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que não se sustentaram devido a diversos motivos, incluindo a falta de continuidade e a ausência de investimento em outros serviços públicos.

O combate à violência exige não apenas policiamento ostensivo, mas também investimentos em educação, saúde, saneamento básico, moradia digna, emprego e geração de renda. Este é um caminho complexo, porém imprescindível, que demanda a união de esforços das três esferas de poder. Sem essa cooperação, a situação tende a se agravar, e os confrontos armados continuarão a assombrar a população.

Advertisement

Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp O Rio pede socorro

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo